quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

06 de Fevereiro de 2008 - apx. 06:00

Por pior que eu seja, eu tento ser o melhor que eu posso.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

31 de janeiro de 2008 – 05:31

São 5 e meia da manhã e eu acabei de terminar o livro 1933 foi um ano ruim de John Fante. Eu comecei a lê-lo essa noite mesmo e terminei sem parar. E é lindo. É muito mais que lindo. É sublime, fantástico e apaixonante. Não me fez chorar como no outro livro sobre sua infância (espere a primavera, bandini) mas não é menos lindo por isso. Pelo contrário, talvez seja mais lindo, não tenho como comparar livros de John Fante entre si e não quero fazer isso agora e talvez não queria fazer isso nunca. A única coisa que sei nesse momento é que esse livro é muito belo e eu jamais imaginei que alguém pudesse descrever uma relação entre pai e filho assim.
Eu não vou falar sobre a história do livro aqui. Eu não estou fazendo uma sinopse ou coisa parecida. Eu só estou escrevendo agora porque eu preciso desabafar de como esse livro é maravilhoso. Eu não ando triste e isso já é muito bom. Também não tenho estado feliz, e acho que por isso que ler esse livro mexeu tanto comigo assim. Poderia mexer de diversas formas em qualquer momento que eu lesse, mas eu li agora e mexeu assim. Se tivesse lido tempos atrás eu provavelmente estaria chorando bastante ao terminar, mas não estou. Não estou triste pelo final do livro, mas estou seriamente tocado com mais uma de suas histórias. Talvez não seja só a história, é muito boa obviamente, mas historias assim acontecem todos os dias e morrem sem ninguém ter jamais ouvido sobre elas. Mas John Fante é John Fante e ele sabe como contar histórias.
Eu pude sentir cada momento de sua história. Eu pude sentir cada sentimento que ele sentiu nos momentos descritos ali. Eu pude me ver e me enxergar exatamente como Dominic Molise. Esse é mais um fato curioso. Eu estava acostumado com Arturo Bandini, e Dominic Molise é de certa forma Arturo Bandini com outro nome, mas é tão belo que os nomes não me importam agora. Eu os amo como nunca amei ninguém dessa forma. Eu os amo de uma forma em que posso senti-los vivendo dentro de mim. Eu os amo como se eu fosse os próprios Dominic Molise e Arturo Bandini. Eu os amo como se eu fosse o próprio John Fante. Eu os amo como o Gabriel Daher que sou. Eu os amo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

29 de janeiro de 2008 - 15:33

Nunca se sabe como vai ser o dia seguinte de uma bebedeira.

Nunca sei como vai ser o dia seguinte de uma bebedeira.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

24 de janeiro de 2008 – 01:27

Eu era só mais um bêbado no meio de um monte de outros bêbados jogados pelo canto daquele imundo bar e do mundo inteiro. Mas eu era um bêbado diferente. Eu era um escritor e achava que tinha algum talento, por mais difícil que fosse publicar qualquer coisa ou ser conhecido em qualquer lugar pra mim eu tinha talento, e era isso que importava. As idéias matutavam na minha cabeça e geravam deprimentes contos digitados enfurecidamente em dias de sol escaldante e forte ressaca. *Eu queria ser um escritor e estava indo atrás do meu sonho nos buracos mais fundos e nos becos mais escuros.

* Adicionado posteriormente, no dia 31/01/08.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

21 de Janeiro de 2008 – 20:31

A coisa que mais me irrita nessa cidade é encontrar os mesmos infelizes em qualquer lugar que eu vou. É uma merda. Vou até a padaria e vejo aqueles cretinos que estudaram comigo tempos atrás, cretinos conhecidos meus, cretinos amigos de amigos e todos os tipos de cretinos possíveis. É uma merda ver esses rostos conhecidos. Pra piorar as pouquíssimas boas pessoas quase nunca aparecem por acaso.
A pior coisa é ir até o shopping, o que já é uma merda de programa por si só, e pra piorar ainda mais a situação encontrar uma cacetada de malditos que te conhecem e que você conhece e a maioria te olha de cima a baixo e te examina tentando achar algum defeito pra criticar ou alguma coisa pra botar defeito e criticar também. Bando de cretinos, morram todos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

22 de Novembro de 2007 – 02:49

É chato pensar que eu fico na frente do computador sem fazer nada durante a maior parte do dia. É chato saber que eu não tenho força de vontade pra estudar e correr atrás dos meus objetivos. Acho que eu só paro pra pensar sinceramente nisso quando estou no ônibus ou quando estou fumando um cigarro e tomando um café aqui na janela do meu quarto.

Eu estava ali fumando e bebericando meu cappucino caseiro e ouvindo ao For sale, atualmente meu disco preferido dos beatles e pensando nessas mesmas coisas de sempre, mas de uma forma um pouco diferente. Acho que eu faço planos demais pro futuro, mas ano que vem já é o futuro e eu penso que eu deveria colocar todas essas coisas que eu penso sempre em prática. Acho que estou encontrando uma certa paz espiritual e que é só uma transição. Talvez pelo fato de o ano já estar no fim e por saber que eu vou mudar de ares e correr atrás de alguns sonhos. Eu espero que as coisas não voltem a ser como estão sendo novamente. Eu vou viver mais e lamentar menos.


One day you'll look to see I've gone
For tomorrow may rain, so I'll follow the sun
Some day you'll know I was the one
But tomorrow may rain, so I'll follow the sun

And now the time has come
And so my love I must go
And though I lose a friend
In the end you will know, oooh

One day you'll find that I have gone
But tomorrow may rain, so I'll follow the sun

Yeah, tomorrow may rain, so I'll follow the sun

(The Beatles - I'll Follow The Sun)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

26 de outubro de 2007 - 00:20

Estou infeliz de uma forma como eu nunca estive. Não que isso seja pior do que das outras vezes, mas é diferente. É como se um silêncio terrível estivesse me sufocando, como se alguma coisa estivesse me matando aos poucos. Hoje ao sair de casa pra ir pro cursinho com minha mãe uma menina de uns 12 anos no máximo veio pedir sucata. Ela estava vestida de trapos e carregava um daqueles carrinhos de levar sucata. Minha mãe disse que dava muita pena de ver alguém daquela idade tendo que sair por aí recolhendo sucata, o que infelizmente é uma cena normal no nosso país. E eu pensei na minha vidinha e em todos os meus problemas. E eu pensei em todas as coisas e em como eu sou um infeliz que tem uma vida boa e tudo pra ser feliz mas eu sou um desgraçado de um infeliz que nunca está satisfeito com nada.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

25 de outubro de 2007 – 03:27

Acendo um cigarro
e vou pra frente da janela
é uma noite chuvosa
posso ouvir o barulho das gotas contra o telhado
as luzes da cidade estão distantes
elas me chamam pra perto delas
alguma coisa me chama
algo que eu não sei o que é

Será que um dia eu vou ser normal?
será que vou casar e ter filhos?
da janela as coisas parecem um pouco serenas
enquanto fumo eu penso na vida
um turbilhão de pensamentos desenfreados
em alguns segundos eles mudam de bons para ruins
e vice-versa

Apesar de tudo me parece um bom momento
me sinto calmo e um pouco mais relaxado
mas isso só até o fim do cigarro, talvez um pouco além
depois eu volto para dentro do quarto
e sento na cadeira de sempre
pensando nas mesmas coisas de sempre

Está tudo quieto
só o barulho da chuva caindo sobre o telhado
acho que eu gosto disso
acho que eu preciso de calma, de tranquilidade
acho que eu preciso que meus pensamentos se acalmem também
acho que eu preciso de alguma coisa que eu ainda não sei o que é
acho que eu preciso que tudo fique bem
e acho que um dia tudo vai ficar bem
eu acho
eu espero.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

19 de outubro de 2007 - 05:06

Nota: Preciso mandar fazer uma camiseta branca com os escritos ASK THE DUST em preto.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

11 de Outubro de 2007 - 00:11

Que grande merda isso tudo. Grande merda sair por aí e ver todos aqueles grandes merdas falando sobre suas merdas chatas e tentando te fazer sentir um merda, e na maioria das vezes conseguindo. E não me venham com merdas de lições de moral. Não acho que as coisas tenham conserto e não acho que elas vão ficar bem. É melhor ir aceitando o fato de que tudo vai ficar uma merda para sempre. Que merda!

11 de Outubro de 2007 - 00:05

Faltam 81 dias para o final do ano. 81 dias pra essa merda toda acabar, ou pelo menos parte dela. Esse foi um ano terrível, um ano terrível. Passou rápido e eu não fiz nada. As coisas me parecem todas iguais. Não chove mais na cidade. Só faz calor e calor e calor. Se chovesse talvez eu poderia sair por aí sozinho com uma garrafa de vinho e curtir as ruas geladas. Mas a única coisa que eu curto é a monotonia quente da minha casa, ou de qualquer outro lugar.

Ás vezes a vida sorri pra você. Não lembro da última vez que ela sorriu pra mim. Não lembro da última vez que me senti realmente feliz. Não quero lembrar da última vez que elas deram errado também, mas acho que isso não deve ser tão difícil. Mas agora eu não quero pensar nisso. Eu não quero pensar nas coisas ruins, eu não quero pensar nas coisas coisas. Eu não quero pensar nesse ano, eu só quero atravessa-lo e um dia esquecer que isso aconteceu. Esquecer que eu sou quem eu sou, esquecer que eu sempre vou ser assim. Estou perdido rapaz. Acabou. Ou não.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

3 de Outubro de 2007 - 03:26

Sobre o último post eu acho que me equivoquei. Achei que tivesse perdido 15 reais que tinha separado para pagar minha mãe na noite de sábado mas descobri que ela já havia pego na minha carteira. Acho que não sou tão azarado assim.

domingo, 30 de setembro de 2007

30 de Setembro de 2007 - 19:48

Não adianta só ser azarado, tem que atrair coisas ruins.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

26 de setembro de 2007 – 03:11

Eu preciso viver mais. Eu preciso sair do meu casulo pessoal e encontrar uma garota legal que me faça me sentir um homem de verdade. Eu pensei nisso tudo enquanto fumava um cigarro na janela e olhava a madrugada escura ouvindo Arthur Franquini. Eu preciso de um psiquiatra. Eu preciso mudar de cidade. Eu preciso de uma nova vida. Eu preciso de algo que me faça me sentir feliz. Eu preciso de algo que me faça me sentir vivo. Eu preciso de alguém que me dê razões para acreditar que a vida ainda tem jeito. Eu preciso de algo ou alguém para me fazer sentir um cara realmente feliz. Eu preciso de libido. Eu preciso dos meus 15 anos de volta. Eu preciso das minhas alegrias simples de volta. Eu preciso de alguma coisa que não sei qual é. Eu preciso de mais momentos fumando em frente à janela. Eu preciso de mais momentos bebendo na rua. Eu preciso sair de casa. Eu preciso desocupar minha cabeça. Eu preciso ocupar minha cabeça. Eu preciso sentir a vida. Eu preciso das palavras na minha cabeça. Eu preciso dos textos que eu invento na mente sobre qualquer coisa e quando chego em frente ao computador não sei mais como escrevê-los. Eu preciso de uma paixão arrebatadora. Eu preciso dos meus discos. Eu preciso dos meus livros. Eu preciso do meu passado. Eu preciso do meu futuro. Eu preciso de você. Eu preciso de mim. Eu preciso viver a vida de verdade. Eu preciso viver mais.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

20 de setembro de 2007 – 01:25

Tinha brigado feio com a minha mãe no dia anterior. Por causa disso ela não ia me levar até o cursinho, então meu irmão me emprestou 4 reais para ir e voltar de ônibus. Sai de casa com a mochila e no caminho pensei se devia ir ou não a aula. Era um dia só de aulas de exatas e biológicas, uma merda de aula, o pior dos dias da semana. Eu tinha mais 3 reais na carteira e podia fazer outra coisa. Decidi fazer outra coisa. O que eu ainda não sabia. Talvez ir até a lan house e ficar no computador esperando a hora passar. Andei até lá. Do lado da lan house ficava uma pastelaria. Fiquei parado em frente a entrada por um tempo. Pensando no que devia fazer. Entrei e sentei em uma mesa. Pedi uma cerveja e acendi um cigarro. Fiquei assistindo ao desenho do pica pau na televisão. Cansei de assistir e peguei meu livro na bolsa. O uivo e outros poemas de Allen Ginsberg. Li um dos poemas e fiquei por ali.Fumei mais um cigarro e continuei lendo. A cerveja acabou. Pedi outra e continuei lendo o livro. Tinha tempo pra gastar. Era um poema que ele falava sobre as loucuras da vida de sua mãe que fora internada em sanatórios e seguia até a morte. Pensei em minha mãe e na nossa briga. Ela também tinha passado por uns momentos de loucura, me lembro bem de toda aquela época. Agora já havia passado, mas ás vezes algumas brigas ocorriam por desentendimentos e mudanças de temperamento de ambos. Terminei a cerveja e fumei mais um cigarro. Olhei no relógio. Ainda tinha um bom tempo. Fui até a lan house e matei uma hora. Meu dinheiro acabara. Voltei pra casa e assisti o jogo do meu time enquanto jantava. Ele perdeu e o jantar acabou. Repeti mais uma vez. Subi pro meu quarto e fiquei ouvindo música. Acendi mais um cigarro e acabei derrubando-o pela janela. Tive que descer e sair até o jardim de casa para pegá-lo pois minha mãe poderia vê-lo de manhã. Ontem de madrugada eu tinha feito a mesma coisa com uma bituca que por sorte caiu em alguma parte do jardim que não consegui achar procurando e que ela provavelmente não vai achar pois não tem o costume de mexer no jardim, mas hoje era um cigarro quase inteiro e aceso e tive que descer pegar. Peguei e voltei para o quarto. Terminei de fumá-lo e escrevi isto.

Queria escrever outras coisas. Enquanto lia o livro na pastelaria pensei em vários textos e coisas legais pra escrever. Já estava tudo na minha cabeça. Estava com preguiça de tirar o caderno que escrever a mão. Que azar, posso ter perdido um grande texto. Agora já era. Só saiu essa merda. Que merda de bloqueio.

domingo, 16 de setembro de 2007

16 de Setembro de 2007 – 14:12

Meu ideal de sucesso é o de ter sempre bebida na geladeira.

16 de Setembro de 2007 – 13:58

Estou alguns quilos acima do peso. Não que eu me importe muito com isso, já não tenho sorte com as garotas a muito tempo. O motivo eu realmente não sei. Ás vezes eu sou um cara muito chato que não se toca disso ou eu simplesmente nasci pra ficar sozinho. Mas eu não me importo muito, não se eu tiver bebida. O mundo pode estar acabando lá fora, mas se eu estiver bebendo eu quero mais é que tudo se foda.

Essa semana fiz minha inscrição para o vestibular. Vou tentar História na UEL e Jornalismo na Cásper Líbero e em algumas outras. Não tenho interesse por estudar, tampouco por ter um diploma de ensino superior. Não vejo nenhum atrativo nisso e não vou admirar ninguém que tenha isso. Estudo pra mim não diz nada. Podem me chamar do que quiserem mas pra mim não tem grande diferença. Pro mercado de trabalho sim, mas eu também não tenho grandes pretensões financeiras. Se eu tiver um canto pra ficar e algumas cerveja na geladeira não preciso de mais nada. Nada mesmo.

Tem uma coisa muito chata acontecendo. E o grande problema é que não tem nada acontecendo. Nada mesmo.
É uma merda. Só ócio, ócio e mais ócio e todos os meus dias aqui dentro de casa. Esses dias fiquei olhando pela grade da janela e me senti num presídio. Aí eu fico esperando os finais de semana onde eu tenho uma “condicional” e gasto toda minha grana em bebida por aí. Eu não tenho muito com o que gastar grana. Até queria comprar uns livros, discos e outras coisas, mas a grana que eu ganho não da pra muita coisa e pra comprar alguma coisa dessas eu teria que ficar sem beber, e isso é algo impossível atualmente. Lembro que quando eu tentei fazer um regime eu fiquei uns 13 dias sem beber e foi muito difícil. Não acho que eu precise beber todos os dias, se bem que isso seria ótimo também, mas pelo menos todo final de semana eu preciso. Ah se preciso.

Eu estava lá navegando pelo orkut e achei aquela garota. Eu fui apaixonado por ela um tempão sabe, e quando eu vou conferir as fotos e vejo novas me da um aperto terrível no coração de saber que ela esta cada vez mais linda. Ela não é pro meu bico, nunca foi. Mas eu tento deixar pra lá. Tenho alguma esperança de que as coisas vão mudar daqui a um tempo. Parece que elas mudam para todo mundo e não mudam pra mim. Eu estou lá vendo todo mundo evoluir e todo mundo correndo atrás e realizando seus sonhos e eu fico aqui sem fazer nada todos os dias e bebendo além da conta nos finais de semana.

Eu estava percebendo como esses meus textos são repetitivos e chatos. Eu estou sempre reclamando das mesmas coisas e lamentando e sonhando que um dia as coisas vão simplesmente melhorar. Isso é sinal de uma coisa, fracasso. Eu sou um cagão, eu acho. Tenho medo de encarar a vida de frente e tenho medo de tentar ser feliz. Eu estou acomodado com o fracasso, o meu pai já me falou isso uma vez, ele disse que eu era um derrotista. Eu faço as coisas já pensando que vão dar errado e mesmo que alguma esperança brilhe no meu espírito quando elas acabam dando errado eu só confirmo o meu ideal de fracasso.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

13 de Setembro de 2007 - 03:08

No meu enterro eu quero que toquem Time is on my side na versão dos Stones quando meu caixão estiver sendo abaixado para a sepultura. Isso é meio irônico não é?

13 de Setembro de 2007 – 02:51

Eu não tenho mais nada a dizer. Eu cansei do ócio, cansei da minha casa, da minha cidade e das mesmas pessoas de sempre. Acho que cansei de viver. Eu ainda tinha um fio de esperança e ficava dizendo a mim mesmo que as coisas iam melhorar porque eu só tenho 17 anos e ainda tenho uma vida inteira pela frente mas parece que já esta tudo predestinado ao fracasso antes mesmo de acontecer e eu estou cansado de tudo isso e queria achar uma solução simples e tranqüila de acabar com tudo isso e sei lá. Não sei qual foi a última vez que eu dei um sorriso sincero, não consigo me lembrar da última vez que me senti realmente feliz. Não lembro da última vez que realmente me importei com alguém e nem da última vez que senti alguma graça na vida. Parece que tudo é sempre a mesma coisa e é tudo sem graça e eu podia dar um fim nisso.
E todos esses problemas chatos, eu não sei, numa boa, não sei porque isso tudo acontece comigo. Eu podia ter sido alguém legal, sei la, podia ter feito umas coisas legais e ter sido uma pessoa melhor. Mas também não acho que fui uma má pessoa, acho que eu sempre tentei fazer o bem na medida do possível. É que o grande problema é que eu sou fraco e covarde. Acho que eu não tenho utilidade nem dom pra muita coisa. Até agora não me lembro de nada que eu possa fazer bem. Até tentei escrever e acho que era o grande sonho da minha vida, mas não deu certo. Eu sou uma pessoa que as coisas simplesmente não dão certo. Mas bom, eu estou aqui reclamando de barriga cheia porque como todo mundo diz tem um monte de gente que passa por situações bem piores de não ter casa nem comida nem nada disso que eu tenho e que estaria muito feliz aqui, mas como eu já disse eu sou um fraco e covarde e eu não mereço essa vida que eu levo. Eu não mereço ter os pais que eu tenho e não mereço ter os poucos porem ótimos amigos que eu tenho. Eu podia simplesmente deixar de existir. Podia nunca ter existido, acho que isso seria melhor. O mundo seria um pouquinho melhor, a vida dos meus pais seria melhor e pra mim também seria melhor. Teria sido um ótimo negócio se no dia em que meu pai e minha mãe me fizeram eles tivessem usado camisinha ou simplesmente não transado, ou talvez quem sabe um dos outros milhões de espermatozóides ter chegado no útero antes de mim. Teria sido melhor para todos.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

04 de setembro de 2007 - 14:47

Faz calor em Londrina. Bastante calor. Estou em meu quarto apenas de roupas de baixo com o ventilador ligado e apontado para mim enquanto estou afundado em meus pensamentos sobre minha vidinha. Penso um pouco sobre algumas confusões, ainda estou um pouco confuso. Estava lendo um pouco de Os Subterrâneos de Jack Kerouac. Agora estou ouvindo suas gravações recitando poemas em cima de músicas de jazz incrivelmente legais. É como se ele estivesse falando comigo nesse exato momento.
Estou com uma idéia para um livro. Preciso começar a escrever. Agora é um tempo livre. Não tenho nada a fazer até as 6 da tarde. Acho que posso escrever algumas boas páginas. Só precisava de algumas cervejas ou de uma garrafa de vinho ou uísque e deixar a coisa correr. Vou tentar fazer isso sem beber nada, pois não tem nada por aqui e não tenho muito dinheiro sobrando. Espero que dê certo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

17 de agosto de 2007 - 04:18

Se eu morasse em um prédio eu provavelmente já teria me jogado pela janela.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

16 de agosto de 2007 - 02:41

Ás vezes quando não se tem nada a dizer o melhor a fazer é ficar quieto.


Ps: Alguem já deve ter dito isso antes, mas eu quis dizer agora. Foda-se.

16 de agosto de 2007 - 02:06

Deitei na cama para tentar dormir mas não consegui. Sempre tive esse problema para pegar no sono, então ficava rolando de um lado para o outro, ou olhando para o teto do quarto e pensando na minha vida e aqui realmente me assustava. Me assustava porque era o único momento do dia em que eu ficava realmente sozinho e todas as divagações da minha cabeça vinham a tona. As luzes apagadas, as portas fechadas, deitado ali com as cobertas e a cabeça no travesseiro ouvindo só o barulho da minha respiração e me perguntando questões tolas de possíveis soluções para melhorar minha vidinha. Era tudo tão estranho. E esse tempo todo demorava uma ou duas horas mas que pareciam séculos.

Séculos encarando a mim mesmo e tendo uma conversa particular, a qual eu realmente me amedrontava e me apavorava de saber que agora eu não tinha nenhuma distração e nem pra onde fugir e nem mesmo ninguém para me chamar à atenção. Agora era eu contra mim mesmo e então todos aqueles pensamentos, lembranças e sonhos vinham à minha cabeça e eu tentava organizá-los e colocá-los em ordem para que não me assustassem mais mas era tudo em vão, pois eles teimavam em se espalhar e me confundir com milhares de interpretações e situações diferentes onde eu tinha que rapidamente achar uma saída.

Então, cansado de tudo isso eu levantei e coloquei um disco no rádio. Deixei o Tommy Stinson tocando e me deitei novamente. A música no volume extremamente baixo mas suficientemente alto para ser ouvido bem por mim ali deitado enquanto ela invadia meus ouvidos e eu me revirava na cama esperando o sono vir. Deixava as músicas passarem e me deliciava com suas melodias aconchegantes e letras poéticas.
Mas como que tudo que é bom dura pouco o disco logo acabou. Então desliguei o rádio e tentei dormir novamente.

Mais uma vez todos os pensamentos vieram a minha cabeça mas dessa vez tentei ignorá-los e não pensar em nada. Talvez contar carneirinhos como minha mãe havia me sugerido dia desses. Não funcionou muito bem, era algo chato e realmente sem graça. Voltei a olhar pro céu e tentar manter minha mente longe de qualquer pensamento, só esperando o sono vir.
Isso acontecia muitas vezes e eu sabia que logo eu apagaria e não lembraria daquilo no outro dia, como de fato aconteceu.

Fui ao aniversário do tio de um amigo com ele. Bebemos algumas cervejas e ficamos por lá. Acabou cedo e voltei para minha casa, um pouco extasiado pela bebida. Nada de alterações mais sérias, só um leve estado de embriaguez adquirido que me fez ficar mais sensitivo a pequenas coisas.

Voltei pra casa e coloquei o mesmo disco para tocar. Ouvi algumas faixas e ele soou realmente fascinante, como realmente era.
Deixei tocar algumas músicas e então “Hey You”, minha música favorita. A melodia começava e a bateria parecia fazer barulhos de batidas de coração no inicio da música.

Senti meus pelos arrepiarem e uma onda de frio tomar conta do meu corpo. Coloquei meus braços junto ao tronco para me aquecer e deixei a palma da minha mão direita exatamente em cima do meu coração. A música tocava sua harmonia fascinante com a perfeita combinação de violão de voz e meu coração palpitava na minha mão.
Naquele momento eu tive a certeza de que estava vivo, e de que por mais que os tempos fossem ruins e os maus pensamentos invadissem minha cabeça, e mesmo nas noites de insônia e nos momentos que antecediam o sono, onde a vida e eu tínhamos uma conversa particular ele continuaria ali, palpitando e me dizendo que estava vivo.

sábado, 11 de agosto de 2007

11 de agosto de 2007 - 21:47

Tento incessantemente arrancar palavras desse coração frio que bate no meu peito, mas é tudo em vão.
Estou congelado por dentro e as coisas só parecem acontecer ao meu redor sem que eu note. E eu não posso fazer nada para impedir isso, e talvez nem queira.
Preciso de uma fogueira quente para esquentar meu coração frio.


Pego um jornal velho e fico lendo as notícias de anos atrás. Elas parecem muito com as de atualmente e minha vida também se parece muito com o que era há anos atrás.
É tudo sem cor e sem graça. Não sei se já os tiveram um dia, mas hoje em dia tudo parece superficial. Não consigo ter força de vontade para me levantar da cama e fazer algo por mim mesmo. Não tenho força de vontade para fazer nada por ninguém. Quero ficar aqui deitado esperando tudo passar. Só me deixem ficar aqui esperando tudo passar.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

7 de agosto de 2007 – 04:05

Duas e meia da manhã. Estou com fome. Desço ao andar de baixo de casa e vou até a cozinha. Preparo uma mini pizza com molho de tomate, queijo, tomate e peito de peru.
Enquanto a coloco no forno faço dois pequenos filés de frango na pequena churrasqueira elétrica.Dez minutos depois e tudo esta pronto. Coloco no prato e abro a geladeira. Não tem coca, estou com preguiça de fazer suco. Pego um copo de água e vou para a frente da TV.

Ligo e troco os canais. Na Globo o programa ordinário de Jô Soares. No sbt um filme ou seriado sem pé nem cabeça, pelo menos pra mim que não costumo conhecer esse tipo de coisa. Volto para a Globo e assisto ao final da entrevista do Jô com uma mulher baixinha e feia que nunca vi na vida.

Beijo do gordo, o programa finalmente acabou. Fico em frente a TV para ver o que vem na seqüência enquanto como o final da mini-pizza. Vinheta de filme, abertura de filme indicando ser cinema nacional. Eu gosto de cinema nacional. Se for pornochanchada melhor ainda. Começam os créditos iniciais. O filme se chama “Não quero falar sobre isso agora”. Título sugestivo, gostei.

Evandro Mesquita faz o papel de um malandro aspirante a escritor e sonhador que é chutado pela namorada milionária que o sustentava, assim ele é obrigado a dar a cara a tapa e tentar algo na vida. Sonha em ser um grande escritor e seu roteiro sempre é rejeitado pelo diretor da rede de televisão que o trata com desprezo. Vai morar de favor com uma amiga gordinha simpática, como o mesmo diz.

Acaba pegando carona com um traficante sem saber disso. No caminho uma perseguição da polícia começa e o trafica manda ele fugir com um grande pacote de cocaína e diz que vai buscar depois. E o cara vai preso, e ele fica com a droga e deixa lá guardada. E ai o filme vai.Conhece uma mina interpretada pela Marisa Orth. Se apaixona, namora com ela. Continua sem arranjar emprego. Continua sem grana. Decide vender a droga para levantar algum após ver que o traficante havia sido condenado a 25 anos de prisão. Divide em um monte de papelotes e vende por ai. Faz uma boa grana.

Amigos do traficante voltam para cobrar a pedra. Estão prontos para matá-lo quando a polícia prende todos. Se salva pagando cervejas para o delegado. Tudo isso num contexto humorístico. Ele ainda sonha em ser escritor, mas decide partir para a música e compra uma guitarra com a grana que levantou. Depois troca a guitarra por uma máquina fotográfica e monta um pequeno estúdio ali no apartamento mesmo. Também não da certo.

Policiais corruptos vem para pegar a droga para o traficante principal. Reviram o apartamento inteiro e não acham nada. Levam a grana que acham, mas ele havia escondido um outro montante. Decide fugir. Da parte da grana para a amiga e pega um veleiro com um amigo francês. Acaba indo parar em Nova York. No Rio de Janeiro o traficante sai da cadeia sabe-se lá como e volta para cobrar a divida. O final termina com a amiga gordinha lendo um postal dele com a paisagem de Nova York enquanto esta deitada abraçada ao lado do traficante.

O filme acaba e os créditos começam a descer. Vou lendo sem compromisso. Um monte de nomes de produtores, assistentes disso e daquilo, diretores de sei lá o que. Quase todas as músicas por Evandro Mesquita. Então os créditos estão acabando e no último nome, quando eu já havia me perdido, pois ninguém lê créditos com atenção eu consigo visualizar a tempo escrito: John Fante – Sonhos de Bunker Hill.

Corta e vai para os comerciais para começar a próxima atração. Fiquei perplexo. O filme era bom, nada de excepcional, só bom. Ainda mais pra um filme nacional. Mas fiquei curiosíssimo pra saber o que um dos livros mais legais do Fante estava fazendo ali no final dos créditos. Provavelmente um dos livros em que o roteirista se inspirou para fazer. Procurei na internet e não achei nada sobre. Só descobri o ano do filme, duração, sinopse e que foi a primeira parceria da Marisa Orth e do Evandro Mesquita. A outra foi em “Os normais”.

Já são 04:26 e não estou com sono. Acho que troquei o dia pela noite. Droga. Não quero falar sobre isso agora. Grande título. Vou lá tentar dormir.

terça-feira, 31 de julho de 2007

1 de agosto de 2007 - 02:32

Pedi três reais pra minha mãe pra comer um lanche no cursinho, mas era só uma desculpa pra usar o dinheiro comprando cigarros.
Então desci lá e encontrei alguns colegas, ainda faltava um tempo pra aula começar e fui até um bar que ficava próximo ao colégio. Cheguei lá e encontrei uns dois conhecidos do Potiguá e dessa cena londrinense. O balconista do boteco era um gordo com os dentes tortos. Tirei o dinheiro do bolso e pedi:

- Me da um maço de Marlboro light, por favor.
- O que?
- Marlboro light.
- Que que é isso?
- O cigarro, marlboro.
- Ahh, cigarro é 1,30.

Como o cara não sabia o que era marlboro light e o boteco era um boteco mesmo já deduzi que o cigarro de 1,30 que ele tinha lá era milhão ou algo parecido. Então sai e fui até o supermercado que fica logo ao lado do bar e em frente a rua do meu cursinho.
Entrei e andei um pouco. Pra entrar nos caixas ia ser uma merda. Tinha que selar a bolsa com um plástico lacrado que eles colocavam para não furtarem nada, encarar uma fila até o caixa e nesse tempo todo eu já teria perdido brincando uns 15 minutos. Então fui até a banca que ficava ali dentro do supermercado mesmo onde eu sempre parava para ler as matérias de capa dos jornais, especialmente as do jornal de esportes.
Entrei e uma menina estava lá parada atrás dum pequeno balcão com os cigarros todos atrás no suporte de vidro que ficava acima de sua cabeça. Joguei o dinheiro no balcão e disse:

- Um maço de Marlboro light, por favor.
- Você é maior de idade? Perguntou meio desconfiada.
- Sou. Quanto é?
- 2,80
Contei as moedas e paguei. Ainda sobravam uns 40 centavos.
- Tem fósforos?
- Não.
- Obrigado.

Sai de lá e fui pra aula. Encontrei o Pg e a Rafinha e matamos a primeira. Entramos e assistimos as duas aulas de geografia seguidas. Eram boas aulas, a professora falou um pouco sobre geo-política e depois sobre magma e interior da terra.
Fomos pro intervalo e fumei mais uns dois cigarros lá na frente enquanto conversava com o Pg. Voltamos pra aula de biologia, mais duas seguidas. O professor até que era um cara gente boa, mas a matéria era sobre composição dos ovos e era uma grande merda que não ia adicionar nada a minha vida. A Rafinha disse que estava com fome e saí com ela pra ela comer um lanche num lugar ali perto.
Voltamos pra frente do colégio e ficamos conversando enquanto eu esperava minha mãe chegar. Queria fumar mas não tinha fogo, só tinha emprestado os do Pg até agora.
Minha mãe chegou um tempo depois e voltamos pra casa. Tinha feito sopa e comi dois pratos. Subi pro meu quarto e fiquei na Internet. Peguei outro prato de sopa, fumei mais um cigarro e isso foi mais um dia de semana cretino.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

30 de julho de 2007 - 22:49

Depois de duas semanas sem aulas do cursinho voltei hoje e tive a certeza absoluta de que eu não nasci para ficar em salas de aula. Ver todos os professores tentando ensinar todas aquelas matérias chatas e todos aqueles alunos querendo entrar na UEL como se fosse a coisa mais importante do mundo e como se uma faculdade pudesse os transformar em alguém realmente importante e legal.

Eu não dou a mínima para a UEL nem dou a mínima para fazer nenhuma outra faculdade e nem acho que isso torne as pessoas melhores ou piores que as outras. Só estou fazendo essa porcaria de cursinho para ter uma desculpa para ir para SP e me livrar dessa cidade e de todas essas coisas que me deixam deprimido dia após dia.

sábado, 28 de julho de 2007

28 de julho de 2007 - 20:44

Eu estou realmente infeliz com o rumo que as coisas estão tomando. Cansei de ser aquele cara que fica sempre sozinho ali num canto bebendo e esperando que algo aconteça. Cansei de tentar esperar uma solução cair do céu enquanto todas as outras pessoas tem coisas legais para fazer e para falar e eu vivo a vida como um coadjuvante sem importância num filme preto e branco onde no final eu provavelmente vou ser o personagem que ninguém vai lembrar o nome e nem saber porque estava no filme.

Estão todos tentando ser alguém e todos realmente vivendo a vida como ela deve ser vivida enquanto eu apenas existo e passo a semana sem fazer merda alguma, apenas lamentando sobre tudo e aguardando ansiosamente o final de semana chegar para que eu possa gastar toda a minha misera mesada num bar qualquer onde eu vou continuar lamentando qualquer coisa e enchendo de merda os ouvidos de quem esta perto de mim.

Um tempo sozinho também não seria nada mal. Eu podia ficar com minhas garrafas de cerveja num canto qualquer, sem querer ser nada pra ninguém, sem querer impressionar ninguém e nem atrapalhar ninguém.

terça-feira, 17 de julho de 2007

17 de julho de 2007 – 19:12

Acordei com a sensação de que ainda era cedo. Me virei nas cobertas e tossi aliviando um pouco minha sofrida gripe. Levantei e fui até o quarto de meu pai onde dormem ele e meu irmão. Se nenhum deles estivesse lá provavelmente já seria um pouco tarde.
Tinha ido dormir as 6 horas da manhã mas agora estava descansado. Liguei a TV e passei pelos canais para tentar descobrir algum progama conhecido que me indicasse as possíveis horas. Não achei nada disso, apenas competições de Handball e Ginástica Olímpica do Panamericano do Rio de Janeiro.
Fiquei um tempo sentado e meu irmão apareceu. Perguntei que horas eram e ele disse que faltavam 10 pras 5. Duvidei e perguntei de novo depois. Agora já eram 5 da tarde.
Continuei em frente a televisão vendo um especial Barão Vermelho que passava na Mtv. Depois começou outro especial no mesmo formato sobre o AC/DC. Ouvi meu irmão gritando incessantemente para mim. Depois de muitos gritos abri a porta do quarto e ele berrava que era telefone para mim. Atendi e era o Hermano. Não gostava de falar ao telefone, era curto e grosso e era algo muito chato pra mim. Ele perguntou sobre meu estado de saúde para saber se poderíamos ir para São Paulo ficar na casa do seu tio na quarta ou quinta. Ele não queria ir sem mim pra não ficar sozinho por lá, por isso também dependia do estado da minha saúde.
Desliguei e assisti outro especial em seguida, dessa vez sobre os Strokes. Bandinha ordinária e chata. Terminou e mudei pra globo. Fiquei assistindo malhação até acabar. Depois fui até a cozinha e tomei algumas colheradas de mel com própolis para ajudar na minha gripe.
Subi até o escritório e meu irmão mexia no computador. Fiquei pedindo pra ele sair por uns 15 minutos. Depois de muita insistência ele saiu e eu entrei.
O telefone tocou e eu atendi. Era meu pai querendo saber o que tinha feito. Fui curto e grosso novamente, não suportava falar ao telefone. Ele ficou perguntando que horas eu havia ido dormir na noite anterior. Depois pedi para comprar um remédio para minha gripe e ele disse que a gripe podia ser curada com mel e própolis e disse que ele mesmo não tomava remédios e curava suas gripes assim. Eu disse que não era ele e que eu tomaria remédio, pois estava precisando. Ele disse que não gostava do meu tom de voz. Tentei encerrar a conversa, mas ele pediu para chamar meu irmão. Gritei muitas vezes e ele não ouviu. Já estava irritado e ia desligar quando ele atendeu da outra linha.
Continuei em frente ao computador ouvindo Buddy Holly.

domingo, 15 de julho de 2007

15 de julho de 2007 – 23:49

Um resfriado me pegou de jeito como não pegava faz tempo. E eu fico aqui em frente ao computador, assando o nariz e amontoando lenços e pedaços de papel higiênico usados em um pequeno monte que fica ao meu lado esquerdo.
Fico pensando na minha vida. Se um dia eu vou casar, ou se um dia eu vou ter filhos e se talvez um dia eu venha a me matar. Acho isso difícil, mas a única certeza é que eu vou morrer, como todos nós. Essa certeza me arrepia na espinha e na alma. Saber que eu tenho a vida aqui e não faço o uso correto dela me deixa assim. O que eu devo esperar da vida e como eu faço para vivê-la? E se nada der certo, o que eu vou fazer?
Deus tenha piedade da minha alma.

15 de julho de 2005 – 23:10

Eu quero que esses anos passem logo. Que essa adolescência vá embora e leve com ela todos esses problemas ridículas e todas essas preocupações desgraçadas.
Ninguém se importa com você, ninguém jamais vai se importar com você fora você mesmo, e ai é a parte difícil. Eu não consigo dar a mínima pra mim. Eu não ligo para o que vai me acontecer no futuro, por isso eu quero que esses anos vão embora.
Então os leve daqui e me deixe em paz, eu vou ficar bem, eu vou ficar bem, eu não vou ficar bem. Mas isso também não é da sua conta, nem mesmo da minha. Eu estou caído por ai, não tente me levantar, eu agradeço sua boa vontade, mas eu preciso fazer isso sozinho.
Eu preciso que isso acabe, que tudo acabe, que algo acabe, que algo comece, que a vida comece.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

13 de julho de 2007 - apx 01:30

Queria ter algo pra me orgulhar, ou algo pra lutar, ou alguma força de vontade pra correr atrás das coisas e depois me sentir alguém importante e feliz por ter feito algo. Mas tudo sempre fica na mesma. Eu vou ficar sempre aqui sem fazer nada e as coisas vão continuar desanimadas e sem graça como sempre foram e como provavelmente sempre vão ser.Eu vou de mal a pior, e quando eu falo isso não é da boca pra fora. Eu sempre tive esse espírito de decadência e sempre achei que nada fosse dar certo. Sou um pessimista convicto de que nada vai mudar, mas no fundo minha alma grita para que algo mude e me faça ter vontade de viver, para que algo me anime e me faça ser alguém, para que algo me deixe realmente feliz e que eu tenha motivos para caminhar por ai com um sorriso nos lábios.Cansei de viver nas sombras, mas não tenho coragem de procurar a luz.

13 de julho de 2007 - 01:49

Estava percebendo que toda vez que surge um problema na minha frente eu o encaro como se eu fosse uma formiga e ele fosse uma montanha e isso me deixa realmente pra baixo.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

05 de julho de 2007 - apx. 18:15

Estou esperando meu pai na conveniência de um posto que serve cafés caros e sofisticados.
Não trouxe o livro que estava lendo comigo e vou beber cappucino gelado. Isso é bastante adolescente e nada cult. Um garoto de calça jeanssuja, camiseta amassada e cabelo grande escrevendo rápido em um caderno velho de cursinho com sua letra feia e garranchada.

05 de julho de 2007 - 17:15

São 5:15 da tarde desta quinta feira 05/07 e estou nos primeiros bancos do ônibus que passa pelo meu bairro, o 502 ouro verde.

Estou esperando o cobrador de bigode e mal-encarado dar meu troco. Dei uma nota de 10 reais a ele e fiquei aqui esperando ele conseguir os 8 pra me dar de volta.

Estou indo para uma costureira que meu amigo Felipe Melhado me indicou para arrumar uma calça jeans que está rasgada embaixo e nos bolsos, mas não sei se vou conseguir chegar a tempo lá. Ela fecha umas 6 horas e caso eu chegue depois disso vou tentar ir até outra costureira também ali perto, na frente do prédio aonde eu morava.

Vou precisar da calça porque amanhã vou iajar para Sorocaba, para ver uma tia que operou de câncer de mama e no sábado talvez vou para São Paulo sair na noite de lá.

Depois de mandar arrumar a calça vou passar na casa do Melhado para conversarmos até o horário de eu ir para a aula no cursinho, que por sinal é um saco.

terça-feira, 3 de julho de 2007

4 de julho de 2007 - 00:52

Eu não sou bom em matemática e não sou bom em línguas. Também não sou bom em acordar e não sou bom em dormir. Não sou bom em andar, nem em correr e não sou bom em nenhum esporte. Não sou bom em falar, e não sou bom em escutar.
Não costumo ser bom em ler, não sou bom em cozinhar e também não sou bom em comer.
Não sou bom em transar e não sou bom em dançar, como também não sou bom em cantar e nunca fui bom em tocar qualquer instrumento. Não sou bom em atuar, não sou bom em chorar e também não sou bom em sorrir.
Pra falar a verdade, eu não sou bom em escrever e acho que também nunca vu ser bom em viver.

domingo, 1 de julho de 2007

1 de julho de 2007 - 22:27

Eu queria ser aquele cara despercebido e feliz. Que andasse pelos cantos sem ser notado e que se contentasse com uma vida simples. Mas infelizmente eu sou um cara estranho, que atrai olhares por todos os lugares e que não esta feliz com sua vida complicada.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

28 de junho de 2007 - 01:22

Deus do céu, estou com uma gripe que esta me matando. Mas mesmo assim não consigo deixar de tomar coca-cola gelada, é um hábito que já mantenho a algum tempo e que esta se tornando um vício.

Meu nariz escorre como uma bica de água. É nojento e eu me sinto mal. Fico despejando as palavras em frente ao computador com os lenços de papel do lado e o copo de coca-cola vazio agora, mas daqui a pouco eu desço até o terreo do sobrado aonde moro e vou até a cozinha pegar mais. E depois acabo com ela de novo, e desço novamente para pegar mais e sigo nesse ritmo até que me canse ou que acabe com a garrafa.

Estou esperando o sono chegar, mas é ruim dormir gripado. Parece que a temperatura do meu corpo cai quando estou dormindo e acordo mais gripado ainda no dia seguinte, por mais coberto que eu durma. Vou continuar em frente ao computador sem fazer nada. Ouvindo Ryan Adams e conversando sobre coisas banais no msn. Depois vou ler um pouco de "Tristessa" de Jack Kerouac. Livrinho bacana e fino, talvez termino hoje. Não é nada perto dos geniais on the road e dharma buns, mas tem uns pedaços ao melhor estilo Kerouac descrevendo todos os detalhes e fazendo su acabeça viajar pelo livro e ter uma vontade incrivel de ter boas histórias como aquelas para contar também.

27 de junho de 2007 - 15:58

Lá estava eu outra vez, voltando para o inferno de onde havia saído.

Quem sabe dessa vez não fosse o paraíso?

Só Deus sabe.

27 de junho de 2007 - 14:47

Um dos grandes problemas que eu enfrento quando vou escrever para este diário é que eu geralmente esqueço de colocar o horário exato em que comecei a escrever e acabo colocando o horário em que terminei.

terça-feira, 26 de junho de 2007

27 de junho de 2007 – 03:25

Cheguei no cursinho cinco minutos atrasado para a primeira aula. Não era nenhum problema pois ás 19:30 tinha outro sinal para os atrasados entrarem e assistirem a outra metade daquela aula. Nesse dia era de redação, e eu realmente não gostava de perder aulas de redação, pois além de gostar escrever eu queria aprender como se fazia isso de acordo com as provas do vestibular.
Cumprimentei o senhor porteiro que era de estatura baixa, cabelos pretos provavelmente tingidos e penteados para trás e um rosto de aparência de uma pessoa bastante vivida, com rugas e sinais da idade. Devia ter lá seus 60 anos. Era um homemzinho simpático que ficava ali na frente abrindo e fechando o portão manual para os alunos que chegavam ou saiam após o primeiro sinal. Já havíamos conversado outra vez quando eu e outro colega falávamos de bebida e o senhor disse gostar bastante de uma caipirinha e achei aquilo bem espontâneo, então conversamos sobre tipos de caipirinha e sempre que passava pela entrada do colégio fazia questão de dar um boa noite para o senhor. Neste dia não foi diferente, mas dessa vez parei para perguntar seu nome e ele respondeu - “Me chamo Grinauro Batista Magalhães” ou um outro nome do meio qualquer que não me lembro agora mas acho que é Batista. – “Boa noite seu Grinauro” despedi-me e entrei no colégio.
Nesse tempo caminhei até a cantina do colégio. Os vários outros alunos atrasados estavam sentados por lá também ou nos bancos encostados a parede da entrada e alguns até lá fora.
O legal dessa cantina de onde eu faço cursinho é que tem uma televisão que fica ligada e eu sempre aproveito para assistir um pouco se tiver passando algo de bom em momentos como esse. Na noite passada eu havia assistido o jornal nacional junto com o homem de cabelos longos como os meus, um pouco abaixo da orelha que provavelmente haviam loiros no passado e agora eram de uma cor indefinida entre um loiro fraco e um grisalho recém chegado, na idade dos 40 que aparentava ter. Tinha uma outra moça que trabalhava lá e que eu estava em dúvida se era irmã ou esposa dele, mas provavelmente era irmã pois tinha uma senhora mais velha que era mãe da moça que ia as vezes lá. A moça tinha os cabelos loiros escuros, um rosto bonito e um corpo maravilhoso. Do balcão só podíamos ver da cintura para cima e ela ostentava belos seios e um quadril maravilhoso e quando ela se afastava um pouco para ir na cozinha (que fica atrás da cantina) podíamos ver suas pernas bonitas e concluir que ela realmente era muito gostosa e fazia essa façanha sendo bonita ao mesmo tempo. Um único defeito era o nariz um pouco estranho, mas nada que estragasse o resto de sua aparência beirando a perfeição. Aparentava ter uns vinte e poucos anos, mas com um rosto de idade um pouco mais madura, sem ser menos belo por isso.
Duas notícias seguidas passaram no jornal da noite anterior. Em uma delas quatro jovens de classe-média e boa vida do RJ que haviam covardemente atacado e espancado uma empregada em um ponto de ônibus durante a madrugada anterior quando esta saia para ir ao médico e a outra notícia de um funcionário da polícia civil que havia tentado furar a fila de um caixa eletrônica e ao ser repreendido por um funcionário de uns 60 anos acertou um soco no senhor que caiu, bateu a cabeça no chão e veio a falecer mais tarde. Fatos que deixariam revoltado qualquer cidadão, e que nos deixaram da mesma forma.
Eu e o homem que trabalhava na cantina trocamos algumas palavras injuriadas sobre as barbaridades e lamentamos o fato de coisas assim acontecerem em nosso país, mas provavelmente estariam acontecendo no resto do mundo também. Uma grande pena.
Assim sendo pensei que ele fosse me reconhecer hoje. Então parado ali na diagonal próxima a cantina e olhando a Tv com certa distância vi ele fazer um sinal de positivo na minha direção. Retribui e disse “bom” como cumprimento. Então vejo ele fazendo o mesmo sinal de positivo, sem abaixar o dedo para o lado ao meu. Olhei para trás e vi que era o inspetor do colégio passando e calculei que no momento em que o sinal foi para a minha direção ele devia estar passando atrás de mim.
Senti uma vergonha tremenda e uma vontade de sumir dali. Essas situações eram realmente horríveis, confundir os cumprimentos. Me senti um imbecil e fiquei parado com vontade de que aparecesse um buraco e eu pudesse sumir. Sempre ficava assim nessas situações constrangedoras. Fiquei em dúvida se ele havia feito dois sinais de cumprimento, um para mim e outro para o inspetor, mas tive quase certeza que era só para o inspetor.
Mesmo assim decidi enfrentar minha vergonha e me aproximei mais de perto da Tv. Começou uma novela péssima e perdi o interesse. Sentei-me em uma das cadeiras que ficavam a primeira fila em frente a cantina e virei de costas para o balcão. A vergonha ainda estava ali, mas não queria sair e ir para outro canto, até porque nem tinha outro canto no colégio. Abri minha bolsa e tirei “Tristessa” de Jack Kerouac que o Melhado havia me emprestado a uns tempos atrás mas que só havia começado a ler agora. Livrinho fino e bacana, não chega a ser um dos clássicos do Kerouac mas me pareceu bom até ali. Estava na metade, abri minha página e me pus a ler. Cada linha que eu lia me lembrava a situação do cumprimento e voltava a me sentir um imbecil. Olhei no relógio do celular e ainda faltavam cinco minutos para o sinal tocar. Li mais uma página, guardei o livro e sai de fininho, como se não tivesse acontecido nada demais. Mas eu sabia que havia, e o homem quase grisalho da cantina também, e provavelmente devia estar me achando um idiota assim como eu mesmo estava. Era isso que dava tentar ser sempre simpático, ora ou outro uma bola fora acontecia.
Fui até o banheiro e ajeitei meu cabelo em frente ao espelho. Não estava nada bem, com um aspecto despenteado e desarrumado mas de uma forma nada boa. Minha tática de ajeitar o cabelo com as mãos após o banho não estava mais dando certo, teria que apelar para a escova ou algo assim. Pente não era comigo.
Sai de lá e caminhei até a sala. O sinal tocou e uns quinze alunos atrasados entraram comigo. Sentei-me e assisti a aula de redação. A professora era uma gorda de uns 40 anos. Explicava bem e era uma aula interessante, sem muitos rodeios ou graças nem totalmente séria.
Depois duas aulas de geografia, com uma professora magra que aparentava ter a mesma idade da outra, os cabelos loiros foscos e com aspecto de palha e um rosto magro. Era uma boa aula também, falava sobre crescimento populacional e desenhava gráficos no quadro. Eu me dava bem com geografia e as aulas do cursinho me pareciam bem melhores. O único problema era que com o grande número de alunos, aproximadamente uns setenta ou oitenta praticamente todos tinham vergonha de fazer as perguntas em voz alta, então a aula era constantemente interrompida por bilhetinhos entregues ao professor que os lia em voz alta e respondia a questão. Era o cúmulo da timidez, não custava nada levantar o braço e falar. Santa vergonha desse povo.
Durante a aula me senti constantemente mal. Tinha acordado com gripe ás duas da tarde e fungava com o nariz o tempo todo, com um “sniff, sniff” irritante e tossia com bastante freqüência. Me sentia cansado e com frio, fazia tempo que não pegava uma gripe.
As duas aulas passaram e o sinal do intervalo tocou. Liguei para minha mãe me buscar, peguei minha bolsa e fiquei sentado com o Igor nos bancos da cantina. Então o sinal tocou de novo e todos eles entraram na aula. Fui para a frente do colégio, me despedi de Seu Grinauro e tive medo de já ter confundido seu nome.
Fiquei lá esperando e então a professora de geografia que havia acabado de me dar aula entrou em seu Ford-ka vermelho com um senhor que aparentava ser bastante velho no banco do passageiro e que segurava um cachorro poodle nas mãos. Ela se despediu de mim com um aceno e retribui dizendo um – “Boa noite professora”. O senhor que eu nunca havia visto na vida acenou também. Saiu com o carro e ao andar um pouco de dentro perguntou se eu não queria uma carona pra algum lugar. Agradeci e disse que minha mãe já estava para chegar.
E uns dez minutos depois ela chegou. Pedi pra passarmos no supermercado porque queria comprar umas sopas instantâneas mas ela estava sem dinheiro. Então buscamos meu irmão na casa de um amigo, em um prédio que ficava perto de outro supermercado e ele me emprestou um dinheiro com o qual comprei duas sopas estantaneas, uma de Tomate e queijo e a outra de espinafre e queijo. No mesmo dia pela tarde eu havia visto uma propaganda daquela sopa e enquanto fazia já em casa percebi como as propagandas podem realmente fazer a diferença na hora que você fica com fome. Cada sopa dava pouco mais de meia xícara, uma quantidade equivalente a 250 mls.
Enquanto esperava a água ferver comi um pedaço de favo de mel que tinha na geladeira para ajudar na gripe. Depois tomei a primeira sopa de tomate e queijo com torradas e ela era realmente muito boa e saborosa. Depois fervi a água novamente e tomei a segunda sopa, de espinafre e queijo, que era um pouco mais cremosa e uou! Era melhor ainda.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

23 de junho de 2007 - 00:25

Estou meio cansado para escrever aqui. Também não estou triste, não nesse momento.

A garota bonita do cursinho parou de frequentar as aulas logo na segunda semana e hoje eu fui ver a Camila do supletivo pela última vez. Garotas entram e saem da minha vida, pena que raramente elas fiquem, nem que seja por um pouquinho só.

Ryan Adams é maravilhoso. Estava falando há pouco com o Pedrão que se um dia encontrasse ele na rua ia dar um abraço e não dizer nada. Suas músicas significaram muito pra mim.
Também gostaria de dar um abraço em Joey e Dee Dee Ramone, Johnny Thunders, Jesse Malin e Stiv bators. Entre muitos outros, mas acho que até hoje esses conseguiram tocar meu coração mais fundo.

Obrigado por todos você terem feito o que fizeram e fazem. Um sincero abraço.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

8 de junho de 2007 - 17:55

Esqueci de contar que cortei meu cabelo esses dias. Não diminui muito, e não ficou muito bom. Não acho que tenha sido culpa do cabeleireiro. Já faz um tempo que meu cabelo não fica bom.
Que se foda minha aparencia, não quero mais ver as pessoas por um tempo.

O Luy acabou de me mandar uma mesagem por celular dizendo: "Rock'and'Roll - Corre pelas minhas veias, sustenta meu coração!"

8 de Junho de 2007 – 17:25

Comecei a fazer cursinho de noite e passei o supletivo pra manhã. Não é muito agradável, alias não é nada agradável acordar de manhã e sim terrivelmente ruim, mas pelo menos de tarde da uma impressão de ter aproveitado mais o dia.
De qualquer forma o cursinho não é lá aquela coisa.
Também não é ruim, são umas 80 pessoas numa sala e os professores passando a matéria correndo e os alunos estudando correndo. Achei que não ia encontrar nenhum conhecido mas encontrei duas amigas e dois amigos.
O povo não é muito interessante, igual em qualquer outro lugar de Londrina, ou até mesmo do mundo. Mas tem uma garota que é uma graça. Tem os cabelos loiros bem curtos, um corpo incrível, é alta, tem estilo e um rosto parecido com a Brigite Bardot e a Twiggy Lawson. Uma graça de menina.
No primeiro dia de aula o professor perguntou se alguém já tinha morado em Curitiba e ela disse que era de lá e que tinha vindo pra Londrina pouco mais de três anos. Falou poucas palavras e o Igor apelidou ela de Curitibana, e assim nos dirigimos a ela. Queria saber seu nome. Deve ser algo como Deborah, Cecília ou até mesmo Laura. Bem charmoso e que combine com ela.
Todos os dias ela senta na mesma carteira e assiste a aula quieta, e no intervalo permanece dentro da sala e quando a aula acaba vai embora logo depois, num carro 4x4 luxuoso, provavelmente dos seus pais.
As aulas não tem nada de mais. Exceto a falta de cobrança que me irritava nos colégios. Você estuda se quiser. Um professor de biologia fez uma palestra com slides sobre células-tronco, clonagem e aborto. Foi uma das melhores palestras que eu já vi, e durou menos de uma hora e meia.
Decidi de uma vez por todas parar de sair em Londrina. Vai ser difícil agora que estou com atividades pra fazer, porque todo final de semana fico esgotado e quero beber. Mas vou resolver esse problema bebendo em casa, provavelmente sozinho ou no máximo com o Hermano, o Pedrão e o melhado. Talvez o Rafa também quando ele não estiver com a namorada.
O fato é que tomei essa decisão depois de sair na próxima quarta, véspera do feriado de corpus Christi. Saí do cursinho e liguei pro Hermano e pro Melhado. Eles estavam no carro com o Juca e o Maurão e passaram pra me pegar perto do cursinho. Então fomos deixar o irmão do Mauro e tomando uns vinhos baratos e quentes, e ruins também. Depois fomos pro chá das cinco e estava a mesma porcaria de sempre. Encontramos o Rafa e depois ele foi embora, a bebida acabou la e fomos pro rock ball de carona com umas amigas do Renato. O Hermano encanou de falar portunhol dentro do carro e ficava falando que – as chicas eram muy belas.
Só entravam maiores no rock ball. Pediram a identidade na frente, eu disse que tinha esquecido e mostrei a carteirinha do cursinho. Ele me deixou entrar e ficamos bebendo la.
Estava uma merda, praticamente as mesmas pessoas do chá das cinco. Quase nenhuma que valesse a pena. A garota linda da festa de moda estava la também, ficando com o mesmo cara. Ela que se foda. O mundo que se foda. Só eu me fodo.
Depois Melhado, Juca e o Maurão chegaram também. Bebemos por pouco tempo. Me bateu uma depressão profunda. O momento em que você percebe como os lugares são escrotos, e as pessoas mais escrotas ainda, e se sente um lixo por ter essa vida. Não gosto de reclamar de barriga cheia, mas as coisas podiam ser melhores com algum esforço.
Tive vontade de chorar mas os olhos estavam secos. Um choro de alma, sem lágrimas. Deprimente.
O Juca e o Maurão foram embora. Depois de um tempo o Melhado foi também. Eram três e meia da madrugada e os ônibus só começariam a passar as cinco e meia ou seis mas não estávamos mais agüentando ficar la. Hermano deu a idéia de irmos pra sua casa a pé, o que eu não concordaria se estivesse sóbrio, ou até bêbado e feliz. Mas estava bêbado e triste e queria dar o fora de qualquer jeito.
Andamos um pouco e paramos num lugar de lanche. Abrimos o cardápio e os mais baratos eram quatro reais. Não valia a pena, não estava com fome, não queria beber mais. Só queria ir pra casa e dormir, e esquecer de mais uma noite cretina.
Andamos como uns loucos. Muitos bairros, muitas avenidas, kilômetros de distancia. No caminho lembrei que tinha deixado minha bolsa no carro do Mauro. E também no caminho o Hermano se deu conta que perdeu os óculos escuros do seu avô, o que o deixou realmente puto e preocupado e a mim também. Mas eu nada podia fazer, só disse pra tentar esquecer. Não se pode sair de óculos escuros na noite,ainda mais bêbado.
Chegamos depois das cinco da manhã e o pai do Hermano tinha fechado a porta. Tivemos que tocar muito o sino que servia como campainha e telefonar para a casa até ele despertar e abrir. Se fosse meu pai teria ficado irritado, ele geralmente fica muito irritado quando o acordam. Mas o pai do Hermano não ficou. Estávamos famintos e tinha comida.
Arroz e carne com mandioca. Preparei meu prato e esquentei. Hermano caiu de sono no sofá. Comi e acordei ele para subirmos pro seu quarto. Demorei um pouco pra dormir, pensando em porque as noites tinham que ser sempre iguais, e quase nunca boas. Nunca realmente boas. Nós nunca estávamos realmente felizes, as vezes é só mais uma reclamação alheia. Tive a mesma vontade de chorar sem lágrimas. Fiquei olhando para o teto até dormir.

No outro dia acordei no horário do almoço. Dormimos pouco. Não estava com ressaca. Tomamos o café da manhã no horário do almoço, e no meio da tarde almoçamos. O Pai do Hermano fez churrasco e tomamos cerveja. Estavam as amigas da Sofia, irmã dele e o resto da família. A prima dele, Dodô também foi. Ficamos conversando sobre juventude, vida, sociedade e etc. Foi uma boa conversa.
Briguei com minha mãe no telefone. Ela estava doente e não podia vir me buscar. Não podia ir de ônibus porque tinha que passar pegar minha bolsa. Discutimos e falei besteiras. Me arrependi e liguei pedindo desculpas. Eu odeio esse meu temperamento impulsivo, ele pode magoar muitas pessoas das que eu mais gosto, e a mim mesmo também. Sou odioso, mas tento ser doce. Como um chocolate meio-amargo. Você pensa que é doce mas ele só amarga sua boca.
Meu pai me buscou de noite e passamos pegar minha bolsa. Em casa brigamos feio, por causa de meu irmão novamente. Tenho um relacionamento temperamental com meu pai, que pode ir do amor ao ódio em cinco minutos, e vice-versa. Mas geralmente as maiores confusões giram em torno da eterna implicância entre eu e meu irmão. E que sempre meu pai fica do lado dele, por ser mais novo. Pode parecer mentira se sou eu que estou falando, e também assumo que as vezes provoco a confusão, mas o desgraçado sabe como manipular meu pai e ele cai todas as vezes. É simples a tática que ele utiliza, me irrita e quando parto pra porrada, por mais fraco que seja o golpe, se meu pai estiver por perto ele instantaneamente abre o choro e provoca uma briga ainda maior entre mim e o meu pai, com direito a xingamentos feios e empurrões.
Dormi e fui pra aula de manhã. Quase todos os lugares da cidade emendaram o feriado e o fim de semana, mas meu supletivo e meu cursinho não. Agora é o fim da tarde, daqui a pouco vou tomar um banho e ir para o cursinho. Quem sabe eu não converse com a Brigite “Twiggy” Bardot curitibana. Muito difícil de acontecer, mas não custa sonhar.

domingo, 3 de junho de 2007

4 de junho de 2007 – 01:00

Saí para a aula do supletivo bem agasalhado pra não sofrer com o frio como tinha acontecido na última terça-feira. Coloquei duas meias pra esquentar os pés, meu moletom preto de gorro com estampa do CBGB e minha jaqueta jeans por cima. Levei apenas uma caneta porque como era uma sexta-feira ia sair depois da aula. Minha mãe chegou do trabalho e me levou, me poupando o trabalho de pegar o ônibus na hora do rush em plena sexta.
Não estava tão frio quanto eu pensava, alias não estava nem frio. Alguns alunos estavam sem agasalho e outros apenas com jaquetas por cima para evitar contra-tempos. Eu que havia passado um frio danado dias atrás e vim prevenido estava começando a sentir o efeito do calor. Horrível.
Depois de um tempo a sala estava lotada. A aula de física mal começou e a linda Camila me chamou e quando virei para trás ela apontou a porta. Olhei e lá estava o Rodolfo fazendo sinal pra mim ir lá fora. Levantei sutilmente e sai da sala.
- Vamos jogar sinuca ae meu, eu já fiz essa prova de manhã no nome de um amigo meu e ta bem fácil. Ele disse.
- Beleza, vamo sim. Só que eu não manjo nada de física. Deixa só eu ver se a Camila tem a cola.
Camila estava sentada na primeira carteira logo ao lado da porta. Falamos baixo: – Ooo Camila, você tem a cola? – Ahn, não? – “Tenho, tenho”. – Então valeu.
Enquanto estávamos na porta o diretor do supletivo, que era conhecido da família do Hermano passou.
- De que sala vocês são?
- Dessa.
- Então entra e vai assistir aula.
- Beleza, já vamos.
Esperamos ele sumir da vista e zarpamos pra fora do colégio. Andamos até o primeiro bar que ficava na mesma quadra e a mesa de sinuca estava ocupada por uns velhos bebedores.
Eles estavam terminando a partida. Esperamos pra ver se ia vagar. Colocaram outra ficha. Desistimos e saímos até outro bar. No caminho encontramos o Lucas, o careca meio-louco que estudava com a gente. – Vamo pro bar joga sinuca?
- “Beleza, vamo vamo.” É aula do que hoje? – Física.
Continuamos andando até umas cinco quadras pra frente. Reto, direita, esquerda, reto. Chegamos no bar e compramos duas fichas. Ninguém tinha dinheiro pra beber, na verdade eu tinha mas ia sair depois da aula, então ficamos só na sinuca.
O Lucas estava sem grana, quem pagou foi eu e o Rodolfo. Custava 1 real cada ficha e cada um pagou uma, então jogamos a primeira partida.
Ele começou ganhando depois virei, levei pro bolão e ganhei. Agora era eu contra o Lucas. Comecei perdendo, recuperei, perdendo de novo, e ganhei. O Rei da mesa.
Compramos mais duas fichas e jogamos eu e o Rodolfo de novo. Até ali nas duas que tinha ganhado tinha jogado com as pares. Dessa vez ele matou uma par e eu virei ímpar. Sinal de azar, e deu azar. Comecei perdendo de lavada e quando ficaram só as minhas bolas na mesa ele ficou “snookado” várias vezes. Recuperei e fiquei algumas atrás, mas ele matou o bolão e me tirou da mesa. Malditas bolas ímpares.
Então jogaram ele e o Lucas, que não tinha vencido nenhuma com a última ficha. Era o que o tempo permitia porque logo já ia ser nosso intervalo e tínhamos que voltar. Lucas ganhou a primeira do Rodolfo e voltamos pro colégio.
Na entrada o diretor, que chamava Juca nos viu e fez uma cara feia de reprovação. Fingimos que não era conosco e passamos reto. O intervalo passou e entramos na sala. Mais um pouco de aula, o professor nem reparou que tínhamos saído, e se reparou não falou nada. Mais um pouco de aula, um pouco de balela, ensinou as coisas finais e aplicou a prova. Li as questões e comparei com a cola na mão. Todas erradas. Tinha que fazer por mim mesmo e sem saber quase nada, e fiz. Entreguei a prova e pedi pra ele corrigir na hora. Acertei sete questões de dez, tinha que acertar no mínimo seis. Ótimo, missão cumprida.
Fui pra frente do colégio e liguei pro Hermano. Ele e o Pedrão estavam no chá das cinco, não estava afim de ir lá. Disse pra eles virem até o bar da keiko, que tinha cerveja barata e ficava em diagonal e bem perto do meu supletivo. Ele me ligou de volta e combinamos de nos encontrar no meio do caminho. Estava chovendo, tinha que esperar pra sair a pé.
Fiquei conversando com um colega que estava de moto e também tinha que esperar. O diretor de dentro do colégio ficou apontando um abridor de garrafas que servia como seu chaveiro e balançando em minha direção.
- Você não é japonês mas abre o olho viu. Falou olhando pra mim ainda balançando o maldito abridor e com cara séria.
- Beleza.
- Você tava indo bem e agora começou a sair da linha.
- Beleza.
Não era um cara cuzão, mas também não era gente boa. Essas tentativas de disciplina em um supletivo eram no mínimo engraçadas. Um lugar onde só estudavam a nata dos estudantes. Ou senhores e senhoras de meia-idade que pararam de estudar na juventude, ou jovens de vinte e poucos anos que haviam repetido diversas vezes. Eu era um deles, mas com a vantagem de ter só dezessete.
A chuva parou, me despedi do cara da moto e sai andando a pé pelas ruas do centro de Londrina. Cheguei na avenida Higienópolis e desci em direção ao pátio San Miguel onde ia me encontrar com eles. Uma padaria vinte e quatro horas que ficava na avenida mais movimentada da cidade e funcionava como um ponto de encontro para jovens baladeiros, universitários e afins. Um péssimo público diga-se de passagem.
Quando estava quase chegando lá encontrei o irmão de um amigo que não via faz tempo e ele estava estacionando seu carro e me chamou. Era um cara gente boa mas eu não lembrava seu nome, o que era péssimo pois tinha que falar com ele chamando-o de “cara” e “brother. Conversamos um pouco enquanto ele manobrava o carro e no exato momento ele tentava prestar atenção em mim e estacionar ao mesmo tempo raspou no para-choque de um dos carros estacionados. Um grupo de meninas se aproximava e uma delas disse – Pegamos no flagra em. É, pegaram mesmo. Mas não tinha acontecido nada no carro delas. No carro do meu conhecido uns arranhões. Seguimos andando até o pátio juntos, nos despedimos e ele foi para o bar que ficava em frente,onde também se reuniam um monte de jovens burgueses.
Cheguei no Pátio e nada deles. Liguei e disse que já estavam chegando. Passaram uns dez minutos e nada. Liguei de novo.
- “Estamos vendo você”. Ok, agora só mais três minutos ou menos se eles já estão me vendo. Nada.
Encontrei uma conhecida que estava voltando da faculdade. Ficamos conversando. Era gordinha e baixinha, nada atraente e nada bonita, também não chegava a ser horrível. Mas até que era gente boa. Disse que estava esperando o Hermano e ela me apontou ele do outro lado da calçada.
Ficamos conversando um pouco, ela foi embora e se despediu de nós. Pedrão estava desanimado porque tinha que trabalhar no dia seguinte e seu ônibus passava ali perto. Hermano ainda ficou tentando convence-lo a ficar mas ele estava decidido a ir embora. Acompanhamos ele até o ponto e no caminho encontramos o Padilha, que era amigo do Juca e um cara legal. Ele disse que ia ter uma festa de república e Hermano se convidou para irmos. Achei que fosse folga do Hermano mas o Padilha disse que não tinha problemas. O ônibus do Pedro chegou, e numa ultima tentativa o Hermano tentou fazer ele ficar mas não teve sucesso.
Descemos ao pátio de novo com o Padilha e logo depois o Maurão, também amigo do Juca chegou. E logo outros amigos deles, um cara vestido a caráter para a festa que chamava glamour decadente e tinha a idéia de as pessoas irem vestidas com roupas espalhafatosas (o que não obteve muito sucesso pois menos de ¼ das pessoas estava vestida assim) e duas garotas, uma delas patty com uns peitos incríveis.
Decidimos ir até a tal festa e ver como estava na frente. Maurão não tinha pego dinheiro, fomos até um posto onde passando o cartão o atendente dava o dinheiro cobrando 10% do valor retirado.
No posto um monte de carros e pessoas ouvindo música e bebendo. Era uma moda das cidades escrotas como Londrina, ficar bebendo em postos de gasolina e ouvindo suas péssimas músicas disputando quem tinha o som mais potente. Um desses grupos jogou uma lata de cerveja em direção a rua e ela pegou no capô do carro do Padilha onde estávamos (Maurão estava sozinho no seu próprio). O idiota que tinha jogado disse que não havia acontecido nada, Padilha olhou com uma cara feia pra ele e seguiu. Quando paramos e olhamos não havia acontecido nada.
Mauro sacou seu dinheiro e seguimos até a tal república. Na rua em frente alguns carros parados, não parecia que havia muita gente. Chegamos na porta e encontramos o Renato com os Punhetas e o André. Ele nos disse pra entrar e dizemos estar receosos por só ter 13 reais cada e a entrada custar 15, com as bebidas liberadas. Guilherme disse pra mim falar com o Gazzoni que estava na portaria e ver se não tinha como entrar por dez. Falei com ele e ele disse que não podia pois só estava cuidando. A garota dos peitos bonitos me emprestou dois reais e entramos todos.
A festa estava lotada e tocava música ruim. Uma parte estava coberta com lona por causa da chuva.
Tomamos champagne barato e embalamos na cerveja. Passei a festa quase inteira em frente ao freezer onde estavam servindo as cervejas, com exceção de quando ia mijar e duas ou três vezes quando fui ver o Renato dormindo do lado de fora e o Hermano no lado de dentro, dormindo com um cigarro apagado na boca.
Durante a festa nada de bom exceto a cerveja. Bêbados passando, vários amigos. Eu só tentava manter meu copo cheio e aproveitar o que tinha pago, o que não foi difícil porque tinha muita, muita cerveja. De marcas vagabundas mas não fazia diferença.
Logo eu vi a Carol, uma menina linda que eu achava o máximo. E vi também a Fer, conhecida minha brincando com ela e dizendo que eu estava la, o que ela não devia dar a mínima. Ela estava usando uma saia esquisita preta e uma blusa branca que deixava ela mais bonita. Apesar da saia ser feia ela continuava maravilhosava e provavelmente ficaria com qualquer roupa. Cabelos curtinhos ao estilo chanel, rosto angelical e um corpo muito bem ajeitado.
Logo Renato e Hermano desmaiaram dormindo e fiquei meio sozinho. Juntava nas rodas de amigos e bebia cerveja. Basicamente isso, não me sentia bem mas resolvi falar com a Carol do mesmo jeito. Tinha que tomar corajem antes. Ela passou e quase fui. Desisti. Um frio na barriga, peguei mais um copo de cerveja e cruzei ela sozinho. Era agora ou nunca.
A parte que me lembro da conversa foi mais ou menos o seguinte:
- Oi Carol
- Oi, você chama Gabriel né?
- Como você sabe?
- A Fer já me falou.
- É que ninguém me chama de Gabriel, e só de Biel. Por isso estranhei.
- Ah eu deduzi que era seu nome.
- Posso te falar uma coisa?
- Pode, claro.
- Você é uma das meninas mais lindas que eu já vi.
- Ah, obrigada. Ela disse e deu um sorriso lindo.
- Sem brincadeira, você é linda demais.
Falei isso e peguei na mão dela. Era macia e estava quente, apesar do frio.
- Então eu vou pra lá,a gente se vê. Ela disse
- Ok, beijo.
A sensação de fracasso me atingiu em cheio. Me senti como um grande idiota, e um peso de culpa caiu sobre mim. Fui até o Hermano que estava dormindo com meu moletom de gorro, pois tinha esfriado bastante. Fiquei lá sentindo a sensação de derrotado ao lado dele. As pessoas se divertiam. Algumas dançavam, outras bebiam. Era uma merda não se divertir.
Começou a chover a maioria se abrigou embaixo da lona e alguns no lugar onde estávamos, que era embaixo do telhado da casa. Entre esses alguns a linda Carol e suas amigas, e os gêmeos e o André. Fui pegar mais cerveja no freezer que ficava logo ao lado. Olhei pro lado embaixo da proteção e vi a Carol beijando o André. Ela não era mesmo pra mim. Jamais seria. Jamais qualquer garota linda seria pra mim, eu só tinha que parar de sonhar e me acostumar com isso.
Acordei Hermano e saímos para frente. Renato ressurgiu do nada. Muitas pessoas estavam indo embora. Dois gays que já conheciam o Hermano nos chamaram e disseram para irmos ao Potiguá com eles. Não tínhamos mesmo como ir embora, Padilha e Maurão tinham sumido. Entramos no táxi com eles, eu Hermano e Renato e seguimos para o Potiguá.
Não tínhamos mais um real sequer e o gay mais gente boa que chamava Gustavo pagou tudo. Descemos e ficamos tomando cerveja e jogando pebolim. Eu estava bêbado e só conseguia girar o pebolim sem parar. Gustavo disse pra jogar direito e falou: - Ficar girando é coisa de mulher, para com isso. Então tentei jogar ao certo e o outro veado era a minha dupla, chamava Bruno e era mais esnobe. Ficava bravo a cada lance perdido por mim. Perdi com todas as duplas que disputei. Gustavo falou de brincadeira para passar debaixo da mesa pra pagar a derrota. Só eu passei. Me arrastando, completamente bêbado e provocando risadas.
Renato tinha desmaiado numa das cadeiras do Potiguá. Gustavo disse pra irmos a casa dele. Abandonamos o Renato lá. Hermano ficou receoso por isso, não achava uma atitude correta. Eu também não achava, mas ele já havia dado mancadas bem piores, estávamos bêbados e o Gustavo estava pagando tudo. Claro que ele tinha segundas intenções com a gente, dava pra perceber. Mas minha idéia de bêbado era simples: Beber na casa dele e a um primeiro assédio sair.
E foi o que fizemos. Ele fritou hamburguêrs e comemos. O outro gayzinho, Bruno desmaiou em um colchão que estava na sala. Era um apartamento num prédio de flats do centro da cidade, pequeno mas luxuoso e bem arrumado. Tomamos vinho, conservado chileno. Depois de um tempo tomando vinho ele disse que queria beijar o Hermano e ele resistiu. Depois disse pra mim e fiz o mesmo. Dissemos que ele era um cara gente boa mas que não gostávamos de homem. Ele entendou mas pareceu um pouco magoado. Continuamos bebendo vinho e vendo o dia nascer. Logo depois ele pareceu irritado com um pouco de brincadeira e fomos embora. Não lembro como chegamos a casa de seu avô. Hermano disse que fomos andando mas essa e outras cena da noite eu apaguei da minha memória. Acordei no outro dia, sai do quarto e encontrei com ele.
- Que horas são? Perguntei.
- Cinco e meia.
- Ta brincando né?
- Não, é sério. Olha no relógio ali.
Olhei para o relógio de ponteiros na parede e eram mesmo cinco e meia da tarde.

terça-feira, 29 de maio de 2007

29 de maio de 2007 – 23:52

Entrei no banheiro e liguei o chuveiro para tomar banho e ir para o supletivo. O maior problema de casa era esse chuveiro. Saia pouca água e não esquentava direito, então tinha que abrir só um pouco e agüentar tomar banho num dia frio. Era horrível pra mim porque sempre gostei de tomar banho quente. Muito quente, em qualquer estação.
Me vesti e coloquei apenas uma camiseta e meu agasalho preto de gorro com estampa do CBGB por cima. Estava um pouco frio, mas não aparentava que fosse esfriar mais.
Me preparei para pegar o ônibus, então minha mãe ligou e disse que poderia me dar uma carona. Logo depois ela chegou e depois de passar pegar meu irmão me deixou no supletivo. “Não vai gastar os dois reais que sobraram em”. Me falou.
Ainda eram umas 6:30 e só tinham chego uns três alunos. Geralmente os outros chegavam em cima da hora, ou depois de a aula já ter começado. Eu tinha que esperar.
Sentei no mesmo lugar de sempre e um tempo depois chegou um cara que sempre sentava na diagonal atrás de mim. Era tudo sempre igual. Abri meu livro, “Numa Fria” do Bukowski que tinha emprestado do Hermano e li um dos contos. Levantei e dei umas voltas fora da sala. Pensei em comprar uma coca-cola e depois desisti. Então pensei de novo e decidi comprar. Mas me arrependi pelos R$ 1,70 gastos. Estava quente, mesmo com o frio eu fazia questão de coca-cola gelada. Voltei pra sala para ler o livro e matei quase tudo num gole só.
Depois de um tempo os alunos foram chegando e a aula começou. E depois com a aula em andamento a sala ficou cheia. Olhei pra trás e ela tinha chegado e sentada no mesmo lugar de sempre. Linda e maravilhosa, Camila era realmente demais.
A aula passou. Era geografia, o professor era gente boa. Era jovem e vestia roupas arrojadas, usava óculos de armações discretas e uma barba um pouco crescida. A matéria até que era tranqüila. Mas eu não estava com o mínimo saco pra prestar atenção. Então fiquei conversando com um colega meio chato que às vezes sentava ao meu lado para ficar falando sobre sua banda, sobre as coisas que fazia no final de semana, sobre um amigo que tínhamos em comum e me convidando para sair no final de semana. Eu só concordava e fazia alguns poucos comentários monossilábicos tentando não ser cuzão. Mas ele pelo jeito me achava simpático porque a muito essa cena se repetia. Eu também não o achava tão chato, mas falava sempre sobre as mesmas coisas e da mesma forma.
O intervalo chegou e saímos para a frente do colégio. Fiquei conversando com o Rodolfo, um velho conhecido meu que assistia à aula com seus óculos de aros pequenos e usava uma jaqueta amarela por cima das muitas outras blusas. Era um cara gente boa. O frio lá fora estava forte e eu o sentia passando entre meu único casaco e depois entre a camiseta.
Camila chegou depois cobrindo o rosto. Perguntei porque ela estava com as mãos no rosto, se era pelo frio e ela disse que não. Tirou e disse que estava se sentindo horrível e contou uma história, que tinha usado um creme pra espinhas e ele tinha ressecado sua pele e ficado horrível e ela tinha ido ao dermatologista e ele tinha dito que a pele dela era sensível e outras coisas do tipo. Depois de ela falar deu pra perceber que estava um pouco ressecado, mas nada que mudasse sua aparência perfeita. Ela era linda e espontânea, tratava todo mundo bem e tinha um dos sorrisos mais doces que eu já tinha visto. Logo depois chegou o Lucas, que era totalmente careca e meio louco e boa gente. Falava uma coisa e de uma hora para outra trocava o assunto, então voltava para o assunto de antes e ficava nesse zigue-zague. Também achava que em todo lugar tinha paquera e que todas as garotas estariam dando mole para alguém em todos os momentos. Era visivelmente tentado pela Camila, e uma hora onde ela foi ao banheiro perguntou pra mim e Rodolfo: – “Pra quem de vocês dois ela ta dando mole?” Só demos risada e ela voltou, e o assunto acabou.
Todos os dias no supletivo uma cola passava entre a sala inteira. Não sei como nem quem conseguia as questões e as letras referentes corretas e passava, e em quase todas as vezes dava certo. Normalmente eu não precisava daquilo, eram matérias fáceis. Mas como não tinha prestado atenção na aula e não estava sabendo nada escrevi na palma da mão.
Ficamos mais um tempo fora e depois entramos. Mais uns dez minutos de aula e ele pediu para que formássemos as filas. Depois de tudo organizado deu mais umas dicas e distribuiu as provas. Fui lendo e colocando as respostas da cola. Lia para ver minha opinião e a questão primeiro e depois se a cola batia com a alternativa. E em todas as questões batia.
Então terminei e esperei um pouco. Não gostava de ser o primeiro a entregar a prova. Não demorou muito e dois caras entregaram. Levantei, entreguei, cumprimentei o professor e saí.
Eram umas 9:20.Liguei pra minha mãe e pedi pra ela me buscar, ela disse que ia demorar uns vinte minutos. Fiquei conversando com os alunos na frente. Depois entrei e fiquei lendo. Liguei pra ela de novo vinte minutos depois e disse que já estava indo.
Fiquei esperando na frente. Quase todo mundo já tinha ido embora. O frio estava de rachar.
Passou mais uma meia hora e todos foram embora. O porteiro fechou a escola e o dono perguntou se minha mãe já estava chegando. Disse pra não se preocupar, ele deu boa noite e foi embora. Liguei de novo para minha mãe e nos xingamos. “Desliga essa porra que eu já to indo Gabriel” ela disse. “Vem logo caralho” respondi.
Ainda estavam em frente a escola uma garota loira, nem feia nem bonita com uma moto estilo Jog. Depois que só ficamos eu e ela chegou um carro do tipo caminhonete, uma Pampa com seus conhecidos, familiares ou algo do tipo. Desceram e ajudaram-na a colocar a moto na garupa da caminhonete. Depois de uns dez ou quinze minutos tentando firmar a moto lá em cima conseguiram e foram embora.
Fiquei sentado em frente a escola fechada lendo o Buk. O frio parecia aumentar e era estranho virar as páginas com as pontas dos dedos geladas. Passaram dois moleques conversando, um deles dizia em voz alta que ia ser promovido no emprego da academia e ia sair com tal garota, o outro falava mais baixo, concordava e perguntava sobre os fatos.
Uma hora depois de eu ter ligado a primeira vez minha mãe chegou. Nos entreolhamos de caras feias e entramos no carro. Eu reclamei sobre a demora depois ela reclamou e disse não ter obrigação de me buscar. Coloquei o cd do Jesse Malin no rádio e passamos o resto do trajeto calados. Em casa já estava tudo bem. Meu irmão dormia no sofá, ela cozinhou arroz, fritou um ovo e cortou e temperou uma salada de tomates. Eu fritei os filés de frango e comemos tomando coca-cola que ela tinha comprado. Dessa vez estava gelada.

domingo, 27 de maio de 2007

28 de maio de 2007 - 02:38

Wander Wildner - Ganas De Vivir
Letra E Música De Juan Suarez


Caminando por la vida voy, caminando por la vida voy

Pensando em um amor, em busca desse amor
Com la ilusion de ver mi vida florecer

El sol brilha em mi arredredor, ilumina em mi el corazón
Que vá brotando em mi, por ancias de vivir
Gritando que el mundo estoy a viver-lo

Sem problemas no meu coração
muitas vezes não temos razão
A vida muda uma vez mais
porque o destino é tão cruel e sempre temos que aprender,
tristeza pranto e saudade
Porque assim, porque sofrer,
se só o que eu quero é triunfar


Eu não preciso dizer nada, e nem quero.
Deixa que a música fala por mim.
Tenho um monte de coisas para escrever e falar,
mas nenhuma vontade.
A preguiça me consome;
quem sabe amanhã eu não escreva alguma coisa.
Bem que eu to precisando escrever pra valer,
de preferencia tomando vinho...

I'll be alright.

terça-feira, 22 de maio de 2007

22 de maio de 2007 - 32:14

Minha mãe entrou no meu quarto agora a pouco enquanto eu ouvia “Broken Radio” do Jesse Malin e comentou que era uma música bonita. Isso foi demais.

domingo, 20 de maio de 2007

21 de maio de 2007 - 1:43

Há quase uma semana tinha combinado que eu e o Hermano iríamos com meu pai para Maringá, onde mora minha madrasta e onde meu amigo Luy esta morando desde o começo do ano, de modo que ficaríamos na casa dele e no sábado iríamos ao show dos Droogies para encontrar os amigos de Londrina Felipe e Thaty no bar do rock maringaense.
A sexta chegou e meu pai ligou e disse que iríamos só no sábado. Então ligou novamente e disse que iríamos na sexta mesmo. Avisei o Hermano e ele disse que não ia poder ir porque tinha consulta no otorrinolaringologista as 3 horas da tarde e coincidiria com o horário da viajem. Mas então meu pai decidiu que iríamos mais tarde, por volta das 6 horas e então quando eram 4 liguei para ele na casa de seu avô e pedi para que fosse até sua própria casa de ônibus, pegasse suas roupas que passaríamos lá para apanhá-lo. Ele disse estar com preguiça e decidiu não ir, o que me deixou bastante irritado pois eu teria chamado o Felipe Melhado antes se soubesse que o Hermano ia desistir na última hora. Então me despedi dele rapidamente e fiquei realmente decepcionado. De modo que fomos apenas eu e meu pai no carro.
Avisei o Luy que chegaria em Maringá por volta das 8 horas da noite. Saímos de Londrina por volta das 6:40 e antes de seguir a viajem passamos em um posto na saída da cidade para abastecer e para mim comprar chips e refrigerantes na loja de conveniência. Esta tinha uma porta de segurança onde você tinha que abrir a primeira, entrar e ficar “preso” no pequeno espaço entre esta e uma segunda porta que servia como um detector de metais, e então você abria a outra porta e entrava na loja de conveniência. Para a maioria das pessoas não deveria ser nada alem de mais uma boa maneira de evitar assaltos mas para mim não. A claustrofobia me apavorava em qualquer situação de pequenos lugares. Mas foi algo rápido e logo eu já havia entrado, comprado as coisas e saído enquanto meu pai pagava o salgadinho de batata com sabor de peito de peru e a coca-cola de 600 ml gelada e conversava com a moça loira do caixa que dizia sermos muito parecidos e que sua filha mais velha também parecia com ela e coisas do tipo.
Entramos no carro e seguimos a viajem sem maiores problemas. Chegamos na cidade e seguimos até o local indicado aonde Luy me encontraria. Era um bar na esquina de uma avenida com algumas mesas do lado de fora e um salão médio dentro. Pedimos cervejas e tomamos esperando ele chegar. Uns quinze minutos depois de ter ligado para avisar onde estávamos ele chegou com as calças jeans justas, vestindo uma jaqueta de couro contra o friozinho que fazia na cidade e com um cigarro na mão direita como de praxe. Tomamos mais uma cerveja, então me despedi de meu pai e seguimos para sua casa.
No caminho paramos em uma padaria que também funcionava como uma espécie de mercearia e compramos um vinho tinto suave barato de cinco reais que ele pagou e bebemos no caminho.
Algumas quadras alem numa minúscula rua de terra que cruzava a avenida principal ficava sua kitnet. Um local pequeno que de frente parecia ser uma casa grande de dois andares mas que se estendia com aproximadamente oito kitnets que já vinham equipadas com ar condicionado.
Imaginava a casa de Luy um lugar bagunçado, sujo e com garrafas de bebidas, discos, papeis e fotos colados nas paredes com textos e músicas escritas por ele mesmo e fotos velhas pelas paredes como em seu antigo quarto no apartamento que dividia com sua irmã em Londrina a um tempo atrás. Mas me enganei, por sorte. Morando sozinho ele havia criado responsabilidades do lar e a kitnet era organizada e aconchegante. Na entrada o armário fazia um tipo de divisória e nas costas desse que dava de frente para a porta suas fotos estavam coladas e organizadas e um pôster dos Ramones que meu amigo Caio tinha igual, e era basicamente uma foto do Joey com uma calça jeans preta rasgada com a mão esquerda como sempre no microfone e os óculos vermelhos no rosto. Nas paredes os mesmos textos e músicas colados, logo ao lado da entrada a pequena cozinha, uma bancada com um liquidificador sem jarra (que estava na geladeira) e do lado esquerdo da bancada um suporte onde ele guardava organizadas as garrafas de bebidas. Ao lado direito da bancada ficava o fogão e do lado direito deste a pia seguido pela geladeira. A mesa do computador em frente ao armário e do lado desta o beliche onde ele dormia embaixo e guardava bagunças em cima. Em frente do beliche ficava a porta do banheiro e em diagonal a essa do lado direito da cama a porta da varanda que dava de frente para a ruazinha de terra com pequenos casebres de madeira na frente.
Conversamos um pouco e então fizemos a janta. Ele fez o arroz e eu descasquei a calabresa. Tirou da geladeira os bifes já temperados e fritou estes e depois a calabresa. Deixou o arroz cozinhar mais um pouco enquanto eu fazia uma mistura de pinga velho barreiro com suco de morango no liquidificador para mantermos o grau alcoólico enquanto jantássemos. Comemos e bebemos o drink gelado com cubos de gelo nos copos e que ficou uma delicia. Depois de terminar a janta já eram perto das nove horas. Fui tomar banho e levei o copo com bebida para o chuveiro. Tomei banho enquanto bebia e já me sentia consideravelmente bêbado e alegre. Luy não quis tomar banho, então trocamos de roupa e partimos em caminhada para a casa de uns amigos seus que ficava a uma boa distância dali, coisa que só descobri depois quando já estávamos nos matando de andar. Quase uma hora de caminhada intensa depois chegamos na casa dos caras, que ficava em um dos muitos prédios numa pequena rua em frente a UEM (universidade estadual de Maringá) e que por isso era praticamente abrigado apenas por estudantes. Na casa moravam cinco amigos dele que também haviam vindo do Mato Grosso do Sul e faziam faculdade em Maringá. Um deles havia estudado em Londrina no mesmo colégio de eu e me confundiu com o Bernardo, um amigo que tem algumas semelhanças comigo e que mora em Florianópolis ou Camburiu hoje em dia. Depois ele reconheceu que não era ele mas disse se lembrar de mim também. Não conhecia ele mas depois pensei e lembrei também não me ser estranho. Estavam com fumo e nos chamaram pra curtir. Subimos e eu fumei com eles, Luy não curtia e ficou apenas sentado esperando e olhando.
Ficamos um pouco com eles e descemos para comprar vinho num dos bares que ficavam ali perto e lotavam de estudantes. Descemos até lá e resolvemos tomar algumas cervejas. Um homem veio nos cumprimentar e dizer que eu era a cara dos caras dos Ramones e coisas do tipo que ouvi várias vezes em Maringá, o que posso confessar me deixou orgulhoso e feliz porque sou realmente muito fã deles.
Tomamos algumas cervejas e compramos duas garrafas de vinho barato. De modo que eu tive que pagar a maioria porque o Luy estava com pouco dinheiro e então seguimos novamente até a casa deles.
Eles estavam fumando de novo então sentei e aproveitei com eles. Começamos a jogar presidente no baralho e eu não sabia jogar e eles tiveram que me ensinar na hora mesmo, mas mesmo sem não saber praticamente nada e provavelmente por sorte tive um bom desempenho e nas duas partidas que jogamos fui vice-presidente e o segundo melhor.
Logo depois Luy caiu de sono e dormiu com as cartas na mão. A maioria deles teria que acordar cedo no outro dia e já era alem da duas da manhã, havíamos matado uma garrafa de vinho e senti meu estomago virando provavelmente pela mistura de bebidas e a bile subindo pela minha garganta como se ela tivesse sido virada pelo avesso. Fui até a cozinha e tomei litros e litros de água mas não resolveu, o enjôo e gosto horrível continuava lá. Tentei ver se açúcar ajudaria. Abri o pote, peguei uma quantidade grande com a mão e enfiei de uma vez na boca. Amarrou mais ainda minha garganta e fez meu estomago dar pulos de mal-estar, pois não era açúcar e sim sal e fiquei com o terrível salgado na boca de modo que tive que tomar mais litros de água e desistir da idéia.
Um dos caras que moravam lá havia ido dormir na casa de sua namorada que por coincidência ficava no prédio da frente, então pude dormir no colchão dele e como odeio dormir de calça jeans fiquei apenas de cueca e me cobri com o cobertor. Acordei no outro dia as onze da manhã me sentindo péssimo. Na casa estávamos só Luy eu e Deni, o cara onde eu havia dormido no colchão e era bem gente boa.
Luy se lembrou de que havia deixado uma carne descongelando para fora da geladeira e ela poderia estar estragada, então nos despedimos e saímos para salvar a carne e o almoço. Ainda tinha restado três reais do meu dinheiro e Deni nos emprestou mais um real que usaríamos para pegar ônibus. No caminho desistimos e resolvemos ir a pé mesmo, paramos em uma feira que já estava desmontada e a única barraca ainda funcionando e com bastante movimento era a dos pastéis. Comemos pastéis de pizza com o dinheiro do ônibus e conversamos com duas moças que trabalhavam ali na mesma barraca e que haviam terminado seu turno.
Caminhamos de volta para sua casa e fizemos o almoço. O mesmo cardápio da janta do dia anterior mas dessa vez com suco sem pinga e com água, que marcou meus as pontas de meus dedos com seus corantes e composições químicas enquanto eu fazia na jarra de liquidificador. Almoçamos e ele colocou dvds e vídeos dos simpsons que tinha para eu ver. Assistimos o dvd inteiro,ele colocou a fita e logo depois caiu de sono. Eu estava exausto e cansado mas não conseguia pegar no sono. Ligava o ar-condicionado, desligada, virava para um lado, virava para o outro e nada de dormir. Desliguei as luzes, fechei as janelas, desliguei a televisão e continuei tentando. Sempre tive esse problema para pegar no sono. Podia estar com muito sono mas não conseguia dormir. Depois de muito tempo quando conseguia dormia como uma pedra, mas até lá era um sacrifício. Exceto quando eu estava bêbado. Então depois de muito tempo dormi, quando já eram pouco mais de quatro horas e acordei as 7 simultaneamente com Luy na cama de baixo. Levantamos e fizemos o jantar. Comemos e depois tomamos banho. Saímos para a casa dos caras mas dessa vez de ônibus. Dentro do ônibus três moleques tentando ser bem vestidos começaram a olhar para nós e rir. Ignorei e continuei conversando com Luy mas ele se irritou e começou a ameaçar os caras em voz alta. A coisa continuou e eu tentava conter o Luy pra não arranjar brigas. Um homem entrou no ônibus, sentou atrás dele e começou a puxar-papo. E foi graças a esse homem que evitamos de se envolver em uma briga pois o palhaço da frente que estava com os dois amigos continuou provocando mas eu não dei atenção. Luy estava virando para trás conversando com o homem e se tivesse visto mais algo do que os otários estavam falando iria retrucar e seriamos obrigados a brigar e sair com a alma honrada.
Mas por sorte não aconteceu mais nada alem disso. Fora que quando chegamos ao terminal e descemos eles olharam e Luy olhou de volta, ignorei e saímos andando a pé até o apartamento dos caras que era ali perto. Chegamos e eles estavam assistindo o dvd “end of the century” dos Ramones que eu já havia visto tempos atrás, mas que era realmente demais. Jogamos algumas partidas de baralho e dessa vez consegui ganhar e ser o presidente. Chegou a hora marcada para o show dos Droogies e eu e Luy saímos caminhando pelas ruas de Maringá no caminho para o bar do rock de lá que era no mesmo sentido de sua casa. No caminho nos perdemos na altura do colégio marista. Um homem negro, alto, careca e bem vestido passava e decidimos pedir informação para ele. Perguntamos onde ficava a avenida do bar. Ele parou para respirar antes de falar e quando falou tivemos que nos segurar para não cair na gargalhada. Apesar das aparências tinha uma voz extremamente fanha, passou as informações certas e eu tive que sair de perto para não rir na frente dele. Depois nos questionamos se seria brincadeira da parte dele ou se ele realmente falava daquele jeito, dúvida essa que persistiu mas que continuamos rindo de qualquer forma já quando estávamos longe dele, claro.
Chegamos ao show e algumas pessoas esperavam na frente. Descobri na hora que o Rock Rocket, banda de São Paulo que já vinha fazendo sucesso a algum tempo ia tocar também. E por isso o preço elevado, eram 10 reais antecipados e 15 na hora, mas conversei com o cara que estava cuidando da portaria, expliquei que era de Londrina e amigo dos Droogies e ele fez por 12 para mim e para o Luy, ele só tinha nove reais e tive que cobrir o restante e uma cerveja que tomamos num bar da esquina antes de entrar e as cervejas lá dentro também, de modo que torrei todos os meus trinta reais para a noite.
Passamos o show conversando com a Thaty e o Felipe. No show dos Droogies o Felipe dedicou uma música pra mim e me disse ter ficado muito feliz por eu ter ido lá para ver a banda deles sem saber que teria rock rocket, até porque eu não gosta muito mesmo e foi algo legal.
Eu estava usando uma camiseta de manga longa com listras vermelha e branca que o Luy havia me emprestado e estava realmente Ramones, combinado com o cabelo e tudo mais, de modo que não demorou muito e várias pessoas vinham falar comigo, me comprimentar e dizer que eu parecia com os caras, enquanto outros só cochichavam e comentavam enquanto eu passava. Era um sinal de orgulho parecer com seus ídolos.
O show lotou rapidamente e havia um japonês grande e mal encarado que trombava em quem fosse possível. Trombou comigo umas duas vezes e estava na cara que queria arrumar briga. Maldito filho da puta, fiquei na minha e continuei curtindo, depois vi ele trombando com outro cara e esse voltou e deu um chute nele. Era um maldito japonês folgado e estava cheio dos amigos, todos uns bastardos também, um deles inclusive havia vomitado no balcão do bar e ficado escorado com a testa la. Bando de babacas, eles estão presentes em todos os lugares. Não adianta fugir deles, sempre vai haver um idiota querendo brigar ou estragar as noites dos outros. Melhor a fazer é ignorar. Japonês filho da puta.
O show continuou sem maiores problemas. Gastei todo o dinheiro em cerveja e ficamos um tempo no camarim das bandas com os Droogies. Depois teve o show do Rock Rocket e antes disso o Renato havia me ligado e pedido para mandar um abraço para um dos caras que era seu amigo. Eu não fazia idéia de quem era e falei para um deles que respondeu mal-humorado que não era o tal “Pesk” e apontou para o cara atrás dele. Devia estar estranhando por eu não reconhecer ele ou simplesmente de mal-humor, detestei-o de primeira até porque achava a banda consideravelmente ruim e haviam feito uma música baseada no conto “a mulher mais linda da cidade” do Buk e transformado em uma música horrível de ruim. Isso me deixava puto. Mas o tal Pesk era um cara legal, agradeceu por eu ter dado o recado e foi um cara realmente simpático e amigável. Depois no palco também pareceu ter mais presença e ser mais cativo. A galera vibrava com as músicas da banda sensação e eu só consegui curtir quando tocaram “caught with the meat in your mouth” dos Dead Boys.
O show acabou lá pelas 5 e tantas da manhã e ficamos conversando com a Thaty e o Felipe e bebendo. As 6 horas da manhã resolvemos ir embora, nos despedimos dos amigos e caminhamos a pequena distancia até sua casa que ficava ali perto sob a claridade do ínicio do dia que começava a pouco. Luy disse estar com muita fome, então chegando lá cozinhou mais um pouco de comida. Comemos e fomos dormir exaustos. Acordei no domingo ao meio dia com meu pai ligando no celular do Luy e me chamando pra almoçar. Disse que iria me deixar dormir mais algumas horas mas com o sono interrompido não consegui mais dormir. Ficamos assistindo televisão. Tomei banho e arrumei minhas coisas porque voltaria para Londrina logo após o almoço. Na noite anterior o Luy havia me dito que daria a camiseta listrada de presente para mim porque todo mundo havia elogiado e ele disse que ela ficava melhor em mim e me deu. Eu achei que fosse papo de bêbado mas enquanto fazia a mala ele me disse para não esquecer a camiseta e eu fiquei realmente feliz porque é uma camiseta realmente legal e havia ficado ótima em mim. Agradeci a ele e meu pai ligou dizendo que estava na avenida principal me esperando. Escovei os dentes e saímos. Encontramos meu pai e ele deu uma carona para Luy até perto da casa dos caras novamente. Nos despedimos e ele disse que sempre que viesse a Maringá era pra ficar na casa dele novamente, eu disse o mesmo e que minha casa estaria de portas abertas em Londrina.
Fui com meu pai até a casa dos pais da melhor amiga de minha madrasta. Almocei enquanto eles comiam sobremesa e a senhora deu várias mudas de vegetais e temperos para meu pai plantar na pequena horta que mantém em casa como passatempo e Deus sabe lá o que.
Nos despedimos e passamos antes num shopping para tentar achar um all-star que eu queria, o que foi em vão e sem sucesso. Voltamos para o carro e seguimos de volta para Londrina. Voltei cochilando no caminho.
De noite meu pai pediu pizza e devorei uns quatro pedaços da minha comida favorita. Fiquei em frente ao computador e ouvi música.
São três e meia da madrugada. Agora vou ler um pouco de “viajante solitário” do Jack Kerouac e dormir.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

16 de maio de 2007 - 23:50

Saí da casa do meu pai as quatro da tarde pra pegar o ônibus e ir para a aula de gaita. No ponto sentei no banco de concetro e abri meu livro, "viajante solitário" de Jack Kerouac. Comecei a ler e simultaneamente uma mulher que também esperava o ônibus começou a conversar com sua amiga em uma voz alta e irritante, de modo que eu tinha que ler cada linha de novo porque quando ela falava algo eu me perdia em meio ao livro. Então desisti de ler até que o ônibus chegasse. Chegou, subi e passei o trajeto lendo. Chegou até o ponto do shopping. Desci e fiquei assistindo a pequena televisão que passava os melhores momentos do primeiro tempo da final da copa da uefa de futebol da europa. O ônibus que ia para o centro chegou e as pessoas se amontoaram em volta das portas no cerco que leva a disputa por um lugar sentado, enquanto o ônibus chegava com pessoas querendo descer que mal pisavam fora do ônibus já eram quase atropeladas pela pequena guerra que se formava na disputa de lugares.
Participei da disputa, entrei e consegui um lugar sentado. Abri o livro e permaneci lendo até chegar no ponto próximo a escola de música. Caminhei e sentei esperando o horário e assistindo ao segundo tempo do jogo da final da copa uefa entre espanyol e sevilla que empatavam em 1 a 1 e se permanecesse o resultado iria para a prorrogação. Chegou o horário da aula de gaita, entrei e passei os 50 minutos seguindo tocando e aprendendo com o simpatico professor de cabelos enrolados na altura do queixo e cavanhaque. A aula acabou e a prorrogação do jogo continuava. Agora o Sevilla ganhava por 2 a 1. Sentei e assisti e logo no minuto seguinte o Espanyol empatou num golaço de fora da área. Se permanecesse esse resultado iria para os penaltis. Ainda eram 6:10 e eu só teria aula as 7:20. Então achei que não tinha mal em ficar assistindo o resto do jogo que acabou terminando empatado e teve decisão por penaltis. O goleiro do sevilla pegou três penaltis e os atacantes só desperdiçaram um quando um jogador isolou a bola. Os atacantes do Espanyol só fizeram um gol e o título ficou com o Sevilla.
Sai da escola de música e fui até o habib's que ficava ali perto. Tinha dois reais no bolso que meu pai havia deixado para mim, e as esfihas custavam 40 centavos cada, de modo que eu poderia comer cinco mas como sentaria nas mesas teria 10% para o garçom e decidi comer só quatro. No caminho fiz as contas de quanto custariam quatro esfihas e o resultado era R$ 1,60. Cheguei e fiz o pedido e continuei fazendo as contas na cabeça mesmo sabendo qual seria o resultado. Tinha só dois reais no bolso e isso era muito preocupante. Olhei na tabela de preços para confirmar se o preço tinha subido, o que eu sabia que não teria acontecido mas não queria correr riscos. É horrivel ter pouco dinheiro nos bolsos.
As esfihas demoraram muito pra chegar. Olhava para o relógio e para a garçonete e ela percebeu minha pressa. Tinha horário para a aula e não podia perder. Ela gritou no balcão onde o pessoal da cozinha colocavam os pedidos e continuou sem chegar. Cinco minutos depois foi o gerente quem ligou e ai então depois de outros cinco minutos chegou. Comi, paguei e fui embora. Tinha quinze minutos para chegar no colégio que ficava a boas quadras de distância. No primeiro ponto de ônibus que passei encontrei o Fernandão indo para a uel. Conversamos e segui andando.
Cheguei na rua do colégio e quando ia atravessar a rua vi a Camila parada do outro lado. Camila era uma colega do supletivo realmente linda. Era uma menina sensacional, maravilhosa e simpatica. Ela provavelmente não deveria saber meu nome mas era uma graça. Me viu e deu oi antes de eu chegar até ela. Conversamos um pouco e ela disse que tinha que ir embora e que eu não devia me atrasar para a aula. Ela era demais
Fui para o colégio e descobri que minha aula começava só as 7:40. Então eu tinha vinte minutos para ficar a toa. Sem opções de escolha fiquei a toa. Chegou o horário da aula, era biologia e a professora explicava muito mal. Era péssima professora e nem eu nem ninguem entendeu nada da matéria. Fiz a prova de qualquer jeito e minha próxima aula era só uma hora depois. Li mais um pouco do "viajante solitário" e conversei com uma conhecida que chegou por lá. E depois com um cara que tinha conhecido a pouco na aula de biologia e falamos sobre empregos e faculdades. Ele tinha bastante experiencia em emprego, trabalhava no telemarketing de um famoso jornal da cidade e já tinha trabalhado em várias lojas do shopping, então ficou me dando dicas e jogamos conversa fora até o horário da aula chegar.
Era aula de geografia e falando sobre geo-política. Tiro de letra geo-política, é uma das matérias mais legais que existem. Se geografia não tivesse que estudar sobre planicies, rios e todas essas coisas da natureza eu provavelmente pensaria em fazer essa faculdade. Geo-política é incrivelmente legal. Tirei a prova de letra e esperei meu pai me buscar. Ele chegou com um amigo e os dois estavam visivelmente embriagados. Fomos até um bar onde um amigo desse amigo do meu pai fazia aniversário. Mesa grande e sem ninguem conhecido. Bebemos três cervejas e fomos embora. Pedi pra meu pai pra passarmos num fast-food de pastel e comprei um pastel salgado e outro doce, meu pai comprou um de queijo para ele e uma coca dois litros.
Sou viciado em coca-cola, odeio admitir mas não consigo parar de tomar essa maravilhosa bebida capitalista. Também to ouvindo muito The Who. Eles são demais!